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A diferença entre “ter piedade” e “sentir dó”

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Suely Buriasco - publicado em 29/08/16
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A diferença que faz toda a diferença!Tenho refletido muito sobre a piedade e suas manifestações, nada a ver com “pena” ou qualquer pieguice do gênero. Falo da verdadeira compaixão, esse sentimento que nos aproxima uns dos outros porque nos sensibiliza em relação aos sofrimentos alheios.

A piedade é uma faculdade intuitiva que nos leva a compreender os sentimentos alheios sem julgamentos ou preconceitos. Também não escolhe essa ou aquela pessoa para se manifestar porque é espontânea e natural.  Entretanto, acredito que o seu desenvolvimento merece maior cuidado, pois tenho observado as pessoas muito distantes umas das outras.  Estarei enganada? Gostaria realmente de estar, afinal que sentido pode ter a vida se nos tornarmos insensíveis diante das emoções dos que nos rodeiam? Por acaso é possível estarmos bem diante de alguém que sofre?

Todos têm seu próprio quinhão de dor, seus dias mais trevosos, não há a menor dúvida de que precisamos uns dos outros para nos fortalecer na busca de dias mais claros e prósperos. Assim, como se explica a postura de “cobrador” dos atos de outrem? “Está colhendo o que plantou”; que triste exclamação! Entendemos que é verdadeira a idéia, ou seja, cada um sempre colhe o que plantou, porque a Justiça Divina é inexorável, mas quem somos nós para lançar qualquer tipo de anátema em nossos semelhantes? Por acaso também nós não sofremos as consequências de nossos próprios atos? E queremos que nos reprovem?

Também há a questão do tempo; as pessoas estão cada vez mais ocupadas com seus afazeres e isso as impossibilita de dedicar alguns momentos na tentativa de abrandar a dor dos outros. Será? Não temos tempo de procurar ajuda, ou mesmo alguém que nos ouça, quando é em nossa porta que a aflição se apresenta? A vida é repleta de desafios, de situações delicadas que mexem e remexem com nossos mais íntimos sentimentos. Precisamos nos ater na imensa responsabilidade de conviver entre iguais, agindo com os outros como gostaríamos que agissem conosco e isso independente de quem seja ou de como proceda conosco. Tudo o que fizermos no sentido de acolher e atenuar a dor alheia se refletirá em atenuantes na nossa própria dor. O bem sempre se reverterá em bem, por isso quem se apieda dos sofrimentos alheios nunca estará sozinho em seu próprio sofrimento.

A sincera comiseração nos faz pessoas mais gratas e gentis, consequentemente, mais amadas e realizadas. Bom refletir!

 

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(via Suely Buriasco)