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Aprenda a ser humilde com Santa Teresinha do Menino Jesus

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Comunidade Shalom - publicado em 26/09/16
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Ela pode ser sua amiga e intercessora, aproveiteEntre todas as virtudes, a humildade, sobretudo, chegou ao apogeu em Santa Teresa do Menino Jesus. Foi para ser a mais humilde e pequena que seguiu a “via da infância espiritual”, ou foi esta via, seguida fielmente que a tornou humilde e simples como uma criancinha.

Irmã Teresa do Menino Jesus via com alegria que, apesar de nove anos de via religiosa, ficara sempre no Noviciado, não fazendo parte do Capítulo conventual e sendo considerada uma “criança”.

“Senhor, sofrer e ser desprezado”.

Quando passou pela provação tão humilhante da doença de nosso venerado pai, mostrou que seus desejos de desprezo não eram letra morta.

Quantas vezes, desde sua adolescência, não repetira com entusiasmo esta palavra de S. João da Cruz: “Senhor, sofrer e ser desprezado por vós!” Era o tema de nossas aspirações, quando, às janelas do Belveder, nos entretínhamos juntas sobre a vida eterna.

Gostar de ser mandada e censurada.

“É preciso, sobretudo, dizia-me, ser humilde de coração. Não o sereis enquanto não quiserdes sujeitar-vos a todo mundo. Se as cousas correm bem, estais de bom humor, mas assim que não concordam com vosso modo de pensar, vosso rosto reflete tristeza. Isto não é virtude. A virtude “é submeter-se humildemente a todos”, é alegra-se por censurada. No começo de vossos esforços, a contrariedade aparecerá no exterior e as criaturas vos julgarão, por isso, imperfeita. Mas tanto melhor! Praticareis assim a humildade que consiste não em pensar e dizer que estais cheia de defeitos, mas em ficardes contente de que os outros o pensem e mesmo o digam.

“Deveríamos nos alegrar muito, quando o próximo nos deprecia algumas vezes, pois se ninguém tivesse este ofício, o que sereia de nós? É o nosso lucrozinho…”

Durante uma festa de comunidade em que houve uma “representação piedosa” de sua autoria, a peça foi criticada e interrompida pela sua extensão. Surpreendi-a atras dos bastidores, enxugando furtivamente algumas lágrimas, depois, senhora de si, ficou calma e suave sob a humilhação.

Era com alegria celeste que aceitava toda repreensão não somente dos superiores, mas dos inferiores. Assim deixava que as noviças lhe dissessem cousas desagradáveis, sem nunca as repreender, no momento. “Quero aceitar as observações quando são justas, dizia-lhe eu. Desde que errei, aceito-as, mais não posso suportar as repreensões se não tenho culpa.

– Quanto a mim, replico, bem ao contrário, prefiro ser acusada injustamente porque então não tenho nada que me reprovar. Ofereço isso a Nosso Senhor com alegria, em seguida, humilho-me pensando que seria bem capaz de cometer a falta de que me acusam”. “Parece-me, confessava ela simplesmente, que a humildade é a verdade. Eu não sei se sou humilde, mas sei que vejo a verdade em toda as coisas”.

Costumava classificar-se entre os fracos, donde originou a denominação de “pequena almas”. Nas instruções particulares que dava a cada uma de suas noviças, falava sempre sobre a humildade. O essencial em sua formação era ensinar-nos a não nos afligirmos diante de nossa própria fraqueza, mas antes, a gloriarmo-nos em nossas enfermidades!…. “É tão doce sentir-se fraca e pequena!” – dizia.

Numa circunstância em que Irmã Teresa do Menino Jesus apontara todos os meus defeitos, fiquei triste e um pouco desorientada. “Eu que desejo tanto possuir a virtude, pensava, eis-me longe, quereria tanto ser mansa, paciente, humilde, caridosa; ah! nunca chegarei a isso!… ”

Entretanto à tarde, na oração, li que exprimindo Santa Gertrudes este mesmo desejo, Nosso Senhor lhe respondera: “Em todas as cousas e acima de tudo; tem boa vontade; esta única disposição dará a tua alma o brilho e o mérito especial de todos as virtudes. Quem tem boa vontade, desejo sincero de procurar minha glória, de me dar graças, de compadecer de meus sofrimentos, de amar-me e de servir-me tanto quanto todas as criaturas juntas, este receberá indubitavelmente recompensas dignas de minha liberalidade e seu desejo ser-lhe-á, algumas vezes, mais proveitoso do que, para outros, as boas obras” .

Muito contente com essa boa palavra, a meu favor, participei a minha querida Mestrazinha que triunfante acrescentou: “Leste o que se conta na vida do Padre Surin? Ele fazia um exorcismo e os demônios disseram-lhe: “Não conseguimos nada; é só a este cão da boa vontade que não podemos nunca resistir”. Pois bem! se não tende virtudes, tendes um “cãozinho” que vos salvará de todos os perigos; consolai-vos, ele vos conduzirá ao paraíso! Ah! qual é a alma que não deseja possuir virtudes! Ë a via comum! Mas como são pouco numerosas as que aceitam cair, serem fracas, as que estão contentes ao se verem por terra e aí serem surpreendidas pelos outros!”.

Um dia em que eu estava desanimada e atribuía esse estado de depressão à minha fadiga, disse-me: “Quando não praticais a virtudes não deveis pensar que seja devido a uma causa natural como a doença, o tempo, ou o aborrecimento. Antes, tirai disso um grande motivo de humilhação e colocar-vos entre as pequenas almas, pois que só podeis praticar a virtude de maneira tão fraca. O necessário, agora, não é praticar virtudes heróicas, mas, adquirir a humildade. Para isso é preciso que vossas vitórias sejam sempre acompanhadas de algumas derrotas, afim de que não haja complacência de vossa parte. Ao contrário, essa lembrança vos humilhará mostrando-vos que não sois uma grande alma. Há almas que nunca têm na terra a alegria de se verem apreciadas pelas criaturas, o que as impede de crer que possuem a virtude que admitam nos outros”.

Um “pequeno meio”…

Ultimamente, confiou-me, fui imperfeita com uma Irmã; creio que ela não percebeu a luta interior, entretanto alimentei o pensamento de que me julgará sem virtude e fiquei bem contente de crer-me assim.

Uma outra vez, em semelhante ocasião, dizia-me: “Enche-me de alegria o ter sido imperfeita; hoje Nosso Senhor fez-me grandes graças, foi um ótimo dia…” . Perguntei-lhe então como podia experimentar esses sentimentos. “Meu pequeno meio, respondeu-me, é estar sempre alegre, sorrir sempre, tanto na queda como na vitória”.

Esta alma tão forte desconfiava tanto de si mesma que se julgava capaz dos maiores pecados. Escrevera sob uma estampa de Jesus Crucificado estas palavras que traduzem as disposições habituais de sua alma: “Senhor, bem sabeis que vos amo, mas tende piedade de mim que sou pecador”.

Citava-me um pequeno fato em que havia tocado com o dedo a frivolidade humana à qual ninguém pode subtrair-se. A noite de Natal de 1887 em que esperava entrar no Carmelo, foi para ela uma extraordinária provação; depois de todas as suas diligências, vendo-as ainda no mundo, sua alma estava na agonia.

“Pois bem! confessou-me mais tarde, imaginai que, apesar deste oceano de amargura em que estava mergulhada, fiquei entretanto contente de estrear meu lindo chapéu azul ornado com uma pomba branca! Como são estranhas estas manifestações da natureza!”…

A verdadeira alegria.

Eu considerava que as cousas que nos satisfazem – um pensamento alegre, mesmo piedoso – acabam cansando o coração que delas se apega, e que torna tristeza toda alegria muito prolongada. Ela respondeu-me:

“Só em Deus há repouso. A verdadeira alegria que jamais cansa é a que vem do desprezo se si mesma. Assim, a respeito de vossa fraqueza de ontem à noite… (chorara porque custava ir visitar as doenças depois de Matinas, estando muito cansada, e uma Irmã o percebera): se a Irmã que vos surpreendeu julgar-vos sem virtude e se vós concordardes com tal juízo de todo coração, eis a verdadeira alegria!

– Oh! tendes razão, compreendo tão bem o que devo fazer! Vejo-o claramente e não posso agir; não! nunca chegarei a ser boa!
– Sim, sim, chegarei; Nosso Senhor vos fará chegar.
– Bem! mas nunca as criaturas notarão isso, ao passo que eu cair sempre, sempre me acharão imperfeita. É a vós, todas reconhecem virtuosa.
– É porque nunca o desejei! Que vos achem sempre imperfeita é o que vos convém! Lucrareis com isso. Crer-se imperfeita e achar os perfeitos, eis a felicidade. Que vos reconheçam sem virtude, isso em nada vos prejudica, sem vos torna mais pobre! Os outros é que perdem a alegria interior, pois não há nada mais doce que pensar bem de nosso próximo. Tanto pior para quem vos julgar desfavoravelmente e tanto melhor para vós se vos humilhardes por amor de Deus”.
Eu lhe confessava: “Estou numa disposição de espírito em que me parece que não penso mais.
– Isso não tem importância, respondeu-me, Nosso Senhor conhece vossas intenções. E, empregando a propósito, para fazer-me sorrir, um pequeno ditado especial bem conhecido de nós duas, acrescentou: “Quanto mais humilde, mais feliz”.
– Oh! quando penso, disse-lhe, em tudo o que tenho para adquirir.
– Dizei antes, para perder!… Jesus é que encherá vossa alma de esplendores na medida em que a desembaraçardes de suas imperfeições.

“Nunca chegarei a praticar a virtude, dizia-me muitas vezes; quereis subir uma montanha e Deus quer fazer-vos descer ao fundo de um vale fértil, onde aprendereis o desprezo de vós mesma!”

Eu sonhava dar sempre o bom exemplo às noviças, queria que me tomassem por modelo, por isso quando tinha a infelicidade de cair, cria tudo perdido:

“Isso, disse-me ela, é procura de si mesma, um falso zelo e uma ilusão. Conta-se que um bispo, desejando conhecer um santo que gozava de uma alta reputação, foi visitá-lo acompanhado pelos grandes de seu séquito. O santo, de longe, vendo aproximar-se o prelado com sua corte, teve um movimento de vaidade, e quis dominar-se. Percebendo crianças que brincavam de balanço numa árvore, prontamente mandou descer uma delas e pôs-se em seu lugar. O bispo tomou-o por insensato e voltou, sem outro exame”.

“Assim, a alma muitas vezes não é bastante forte para receber elogios. Deve então sacrificar, de quando, algum bem aparente, à sua própria santificação. É preciso alegrar-se de cair; se caindo não houvesse ofensa a Deus, dever-se-ia fazê-lo de propósito, a fim de se humilhar”.

Como a Santíssima Virgem.

Ela era indiferente ao que pensava a seu respeito, ainda que se escandalizassem com certas aparências. Assim, no começo de sua doença, estando obrigado a ir tomar remédios alguns minutos antes das refeições, uma Irmã antiga admirou-se, queixando-se de ser ela irregular. Bastava Irmã Teresa do Menino Jesus dizer uma palavra para escusar-se e restituir a calma a esta Irmã. Evitou de fazê-lo, tomando como exemplo a conduta da Santíssima Virgem que preferiu deixar-se difamar a desculpar-se junto de São José. Falava-me muitas vezes dessa conduta tão simples e tão heróica.

Como Maria, seu grande meio era o silêncio. Gostava de “guardar todas as cousas em seu coração”, alegrias e penas; esta reserva foi sua força, o ponto de partida de sua perfeição, como também seu cunho exterior, pois era de uma ponderação admirável.

POBREZA ESPIRITUAL

Como lembrança de minha profissão, a querida Irmãzinha, pintou as armas que eu tinha composto com esta divisa: “Quem perde, ganha”. Explicou-me que, sobre a terra, é preciso tudo perder, deixar que nos tomem tudo para chegar a pobreza de espírito.

Desejava para os outros, mais que para si, as graças interiores. Tendo encontrado um livro que lhe fazia muito bem, eu a vi passá-lo às Irmãs sem termina-lo. E jamais pude acabar sua leitura.
Se Deus lhe dava luzes, no-las comunicava tanto quanto podia… Mas teve por vezes dessas luzes vivas e penetrantes que vislumbradas, passaram sem deixar lembrança alguma: “Queria captá-las novamente, disse-me ela, mas impossível! Então em vez de cansar-me procurando o que havia produzido essa alegria em minha alma, contentava-me de gozar do bálsamo que deixara, sem saber como tinha vindo e ficava contente com essa pobreza…”

Como as criancinhas que não têm nada de seu e dependem absolutamente de seus pais, ela queria que vivêssemos dia por dia, sem fazer provisões espirituais.
“Se Nosso Senhor quiser belos pensamentos e sentimentos sublimes, Ele tem seus anjos… Poderia mesmo criar almas tão perfeitas que não tivessem nenhuma das fraquezas de nossa natureza. Mas não! Ele põe suas delícias em pobres criaturinhas fracas e miseráveis… Sem dúvida, isso lhe agrada mais!”

Não se apoiar em nada Irmã Teresa recordava as palavras e passagens dos Livros Santos para nutrir sua piedade.

Eu lhe disse: “É o que eu desejaria, mas não tenho memória suficiente!”

– “Ah! eis que desejais possuir riquezas, ter posses! Apoiar-se nisso é apoiar-se sobre um ferro em brasa! Deixa um pequeno sinal! É preciso não se apoiar em nada, nem mesmo naquilo que pode ajudar a piedade. O nada é a verdade, é não ter desejo, nem esperança de alegria. Como se é feliz então! Onde achar alguém perfeitamente isento da vergonhosa procura de si mesmo, diz a Imitação, é preciso procurá-lo bem longe e até as extremidades da terra. Bem longe, isto é, bem baixo… Bem baixo na própria estima, bem baixo por sua humildade, bem baixo, isto é, alguém bem pequenino…”
Toda gente procura sucessos.

Dizia-me:

“Entregai-vos demasiado ao que fazeis, como se cada cousa fosse vosso fim último e esperais sem cessar ter chegado a ele. Admirai-vos de ter caído; é preciso sempre contar com alguma queda!. O futuro preocupa-vos como se devêsseis organizá-lo. Compreendo então vossa ansiedade; estais o tempo todo a pensar: Ó meu Deus, que vai sair de minhas mãos! Tôda gente procura assim os sucessos, é a via comum; os que não os buscam são unicamente os pobres de espírito”.

Vaidade da estima das criaturas.

Manifestava-lhe o desejo de que as criaturas considerassem meus esforços e notassem meus progressos.

“Agir deste modo, replicou vivamente Irmã Teresa, é imitar a galinha que adverte todos os transeuntes, logo que pôs o ovo. Assim, desde que agiste bem, ou que vossa intenção foi irrepreensível, quereis que todo mundo o saiba e vos aprove…

“Que vaidade querer ser apreciada por vinte pessoas que vivem convosco, ocupando-se, cada qual em sua pequena esfera, de suas respectivas intenções, saúde, família, progressos espirituais ou interesses pessoais, que deixam escapar palavras mais ou menos acertadas! Mas observando a fisionomia dos santos, penso que eles também estiveram sujeitos a muitas fraquezas, que de seus lábios saíram, por vezes, expressões bem humanas, e até vulgares. Penso, então, que não quero ser amada, estima senão no céu… porque lá somente, tudo será perfeito”.

Ao contrário de minha querida Irmãzinha que só tinha um desejo: que ninguém percebesse seu sacrifícios, eu, sempre seduzida pela vanglória, esforçava-me por atrair a atenção sobre o que eu fazia.

Dizia-me então:

“Quereis pôr-vos em evidência! Há muitos que exercem esse ofício; quanto a mim, envio fazê-lo, recearia não ganhar bastante. Pelo contrário, escondo tanto quanto possível o que faço e coloco tudo no banco de Nosso Senhor, sem me inquietar se rende ou não”.

 

 

(via Shalom)