Como as palavras do artista, que acaba de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, tocaram o coração e a alma de um adolescente nos anos 80Bob Dylan foi o surpreendente ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2016. Saiba mais clicando AQUI. No contexto dessa premiação, é incrivelmente oportuno o testemunho de conversão do escritor Tom Hoopes, que compartilhamos a seguir:
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Você se lembra da primeira vez em que Jesus fez sentido para você?
Não, não é uma pergunta retórica. Aliás, o Papa Francisco nos convida a compartilhar a Boa Nova de Jesus Cristo com o mundo sabendo que isto exige certo esforço: precisamos encontrar as melhores maneiras de falar sobre Jesus numa cultura que o rejeita.
A minha história, provavelmente, é parecida com a de muitos outros jovens.
Jesus não significava nada de especial para mim nos anos 70 e 80. Eu ouvia o nome dele no meio de insultos, zombarias, ou da boca de professores de religião que falavam com indiferença tanto de “Jesus” quanto de coisas como “compartilhar”.
Mas tudo mudou depois da compilação “Biograph”, de Bob Dylan, que foi lançada logo antes do Natal de 1985. Eu tinha 16 anos.
Comprei o disco e depois copiei as faixas em fitas cassete para poder ouvi-las no meu Walkman. Eu gostava de todas elas, mas foram as três músicas cristãs que mais me marcaram.
“Você tem que servir a alguém”, cantava Dylan. “Pode ser o diabo ou o Senhor, mas você vai ter que servir a alguém”.
Fiquei fascinado, tanto pelo “igualitarismo” da letra quanto pelo ritmo. Quanto mais eu ouvia, mais percebia que Dylan dizia algo de verdadeiro.
Os jovens adoram o rock porque ele fala com paixão de coisas que os adultos não estão dispostos a discutir. E foi exatamente assim que Dylan conseguiu me “falar”. Ele dizia que Jesus era importante. Eu queria entender por quê. Esse jeito de chegar a Jesus me ajudou a contornar os costumeiros obstáculos religiosos e culturais.
O padre Benedict Groeschel disse, certa vez, que, de acordo com a nossa personalidade, é por meio da verdade, da bondade ou da beleza que chegamos a Jesus.
Com o famoso apologeta Scott Hahn, por exemplo, aconteceu por meio da verdade. Eu me lembro que o seu vídeo “Um pastor protestante se converte” (“Protestant Minister Converts”) foi muito popular no início da década de 1990. Existem dois tipos de pessoas que procuram a verdade e chegam a Cristo: os que detectam imediatamente as mentiras e querem chegar ao fundo das coisas, chegando a Cristo pela filosofia, pela descoberta científica, pela apologética; e os que não são, necessariamente, intelectuais, mas se sentem atraídos por elementos instigantes do catolicismo como o Sudário de Turim, Nossa Senhora de Guadalupe, os milagres…
Outras pessoas encontram Cristo mediante o caminho da bondade. É o caso da Madre Teresa, que ouviu o chamado de Jesus a servir aos mais pobres dos pobres. Ela aceitou Jesus e, junto com Ele, abraçou os pobres. Este fenômeno se reproduz todos os anos entre os estudantes universitários do Benedictine College, por exemplo, que só “chegam” realmente à fé depois de viverem a missão na prática. Num mundo onde as coisas aparentam ir cada vez pior, ainda existem aqueles, e cada vez mais numerosos, que se convertem movidos pelo desejo de justiça e de moralidade – que os leva a quererem Jesus.
Finalmente, há o caminho da beleza. O bispo dom Robert Barron é um bom exemplo: em sua série de vídeos “Catolicismo”, o que ele diz sobre a fé ganha pleno significado quando ele fala de dentro de catedrais deslumbrantes, ou diante de magníficas obras de arte, ou rodeado por maravilhas da natureza.
Mas a beleza pode assumir diferentes faces. Para alguns, ela se revela no aspecto kitsch de uma imagem piedosa. No meu caso, ela se mostrou através de um artista de Minnesota, de voz anasalada, acompanhado por uma banda gospel. Sim, ela se mostrou para mim através de Bob Dylan.