A maior parte da vida na Terra já está sofrendo mudanças devido ao aquecimento global, embora o aumento das temperaturas desde a era pré-industrial tenha sido ligeiro, disseram pesquisadores na quinta-feira.
Um estudo publicado na revista Science revelou que 82% dos principais processos ecológicos – incluindo a diversidade genética e padrões de migração – estão sendo alterados pelo aquecimento global.
Estes efeitos se estendem à terra, aos oceanos e aos ambientes de água doce, apesar das temperaturas terem subido apenas cerca de 1 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais, devido à queima de combustíveis fósseis.
“Estes impactos variam entre alterações em genes individuais, mudanças significativas na fisiologia e nas características físicas das espécies, como o tamanho de corpo, e a migração das espécies para áreas inteiramente novas”, acrescentou.
Essas mudanças afetarão os seres humanos causando surtos de doenças, rendimentos inconsistentes de colheitas e redução da produtividade da pesca, ameaçando a segurança alimentar, segundo especialistas.
O estudo, que analisou 94 processos ecológicos documentados na literatura revisada por pares, também alertou que quanto mais os ecossistemas mudam, menos provável será que eles estejam protegidos contra os efeitos mais duros das mudanças climáticas.
As florestas afetadas não serão mais capazes de absorver grandes quantidades de carbono, por exemplo.
Os oceanos cada vez mais quentes deixarão de funcionar como um amortecedor eficaz contra o aumento da temperatura, e as inundações relacionadas com o clima, a subida do nível dos mares e os ciclones irão piorar.
Uma vez que as pessoas dependem de ecossistemas saudáveis para se alimentar e ter água limpa, quanto mais o ambiente natural mude, mais os meios de subsistência das populações estarão em risco.
“Estamos simplesmente espantados com o nível de mudança que observamos, o qual muitos de nós na comunidade científica esperávamos para daqui a décadas”, disse o autor sênior James Watson, da Universidade de Queensland e membro do grupo de especialistas em mudanças climáticas da IUCN.
“Não é mais sensato considerar isso uma preocupação para o futuro e, se não agirmos rapidamente para reduzir as emissões, é provável que cada ecossistema da Terra mude radicalmente durante a nossa existência”, acrescentou.