Postagens grosseiras e suposto oportunismo comercial indignaram milhõesDepois da tragédia ocorrida na noite desta segunda-feira com o voo da LaMia na Colômbia, alguns sites e páginas de redes sociais, cujos nomes preferimos omitir, postaram matérias supostamente “engraçadas” sobre mortes em acidentes de avião. Dentre esses canais, o que obteve a repercussão mais negativa tinha publicado manchetes como “10 fotos pesadas de pessoas instantes antes da própria morte“, “10 mitos e verdades sobre viajar de avião“, “Imagens que mostram a reação de passageiros em um acidente de avião” e “10 fotos de pessoas em seu último dia de vida“. Nesta última, o site usou fotos de jogadores da Chapecoense dentro do avião, o que gerou uma onda de reações indignadas contra o portal, que perdeu milhares de seguidores nas redes sociais. Em meio à polêmica, a direção do site se pronunciou dizendo entender e respeitar as críticas, mas, sem assumir explicitamente a “culpa” pelo sensacionalismo, se justificou alegando que é “relevante jornalisticamente mostrar outros pontos da tragédia, como medo de voar“. A linguagem escolhida, no entanto, passou longe de ser vista como a mais oportuna pelos leitores.
Outro caso que despertou a ira de milhares de internautas foi o de uma grande loja virtual de artigos esportivos, criticada com veemência depois que capturas de tela divulgadas nas redes sociais mostraram aumento de R$ 129,90 para R$ 249,90 no preço da camisa da Chapecoense. A empresa se pronunciou dizendo que o valor tinha sido reduzido por ocasião da Black Friday e, passada a promoção, voltara ao preço original. Entretanto, a nota dividiu opiniões: vários usuários questionaram a “coincidência” e duvidaram da explicação apresentada, agregando que, de qualquer forma, o aumento de preço veio em momento completamente inoportuno.
Foram também compartilhadas por milhões de internautas várias outras capturas de tela mostrando postagens de pessoas físicas que criticaram a relevância dada ao acidente ou mesmo debocharam da morte de jogadores, jornalistas e convidados a bordo do avião da LaMia.
A POSIÇÃO DA ALETEIA
Alguns leitores da Aleteia também postaram comentários (poucos, deve-se dizer) criticando o que consideraram um “excesso” de matérias do site relacionadas à tragédia da Chapecoense. Achamos perfeitamente compreensível que os leitores desejem e peçam artigos sobre outros assuntos, até mesmo para aliviar a alma diante do teor dramático desta notícia tão triste. Devemos observar também que, na quase totalidade dessas críticas, seus autores se manifestaram com termos respeitosos e distantes de qualquer deboche.
Gostaríamos, mais como amigos do que como organização, de compartilhar com nossos leitores, nesta ocasião, um fato singelo sobre nós próprios e sobre como trabalhamos: a Aleteia conta com uma equipe reduzida de colaboradores em cada um dos idiomas em que é editada, e, por isso, precisa optar por algumas prioridades em detrimento de outras matérias também importantes e necessárias. Neste momento, consideramos prioritário testemunhar o espírito cristão de fraternidade, solidariedade e proximidade, não apenas em relação aos nossos irmãos que morreram no acidente e àqueles que sobreviveram a ele de modo milagroso, mas também aos milhares de leitores, no Brasil e no mundo, que procuraram em nosso site motivos para a esperança e para o consolo no meio da dor.
Este é um dos aspectos cruciais da missão cristã no mundo: dar testemunho da esperança! Como site católico, procuramos cumprir esta missão com persistência diária. Foi por isso que, no tocante à fatalidade com a delegação da Chapecoense, procuramos oferecer, em vez de matérias técnicas sobre o acidente como tal, uma série de relatos e testemunhos inspiradores sobre o melhor do espírito humano durante uma catástrofe que chocou o planeta.
Compartilhamos com nossos amigos, assim, a nossa emoção diante do pedido surpreendente de Alan Ruschel em sua chegada ao hospital: “Guardem a minha aliança!“. Compartilhamos o depoimento angustiado e ao mesmo tempo cheio de gratidão do pai de Jackson Follmann, o goleiro cuja perna precisou ser amputada: “Num acidente de avião, você sabe que a chance de sobrevivência é praticamente zero. É um milagre de Deus ele estar vivo!“. Compartilhamos o momento arrepiante em que o jogador Thiaguinho, um dos falecidos no acidente, ficou sabendo, uma semana antes da tragédia, que será papai. Compartilhamos o relato instigante de uma testemunha local sobre o menino de 10 anos que ajudou a resgatar Alan com vida. Compartilhamos a impactante mensagem deixada pelo piloto antes do acidente: “Cristo está te esperando“. Compartilhamos um depoimento pessoal sobre o que levou o mundo inteiro a se comover com a “lenda viva” da Chapecoense mais do que com a tragédia em si. Também compartilhamos, antes de qualquer outra matéria, uma oração pelo eterno descanso dos falecidos, duas notícias sobre a Celebração Eucarística organizada em Chapecó pelas suas almas e, por fim, fizemos questão de publicar um sincero “Gracias, Colombia” pelas demonstrações extraordinárias de muito mais que solidariedade por parte do povo colombiano: nossos vizinhos de fronteira nos deram provas impactantes de autêntica fraternidade.
Quisemos e queremos sempre compartilhar inspiração, valores, esperança, humanidade. E nos sentimos recompensados e gratos pela recepção profundamente humana da imensa maioria dos nossos leitores, que curtiram, compartilharam e agradeceram por este singelo esforço de ampliar a força da luz diante da escuridão do trauma. Obrigado por continuarmos sendo, como católicos, a família que Deus nos chama a ser!
#ForçaChape. Sim. Ainda.
Equipe Aleteia Brasil