Como um sacerdote perseguido mantinha incrível presença de espírito para driblar os seus perseguidores implacáveisNa segunda metade da década de 1920, sob o presidente Plutarco Elías Calles, o governo ateu do México promoveu uma brutal perseguição contra os católicos, proibindo toda forma de culto público, fechando igrejas e seminários, assediando e prendendo sacerdotes e martirizando pelo menos 160 padres no paredão de fuzilamento.
Este foi o cenário aterrador encontrado em julho de 1926 pelo jesuíta e futuro mártir pe. Miguel Agustín Pro, recém-retornado à sua terra natal mexicana.
O pe. Pro era abordado e interrogado pela polícia o tempo todo, mas, com coragem heroica e enorme presença de espírito, mantinha com resultados extraordinários o seu apostolado clandestino, celebrando às escondidas os sacramentos e arriscando a vida entre peripécias dignas de filmes de ação.
Certa vez, ao chegar a determinado edifício e perceber que estava sendo seguido por policiais, deu rapidamente um jeito de não demonstrar medo nem expor ao perigo as pessoas que o esperavam: foi fazendo, já de longe, um movimento como de quem apresenta um distintivo e passou pela polícia afirmando com determinação e autoridade: “Um padre estará escondido ali dentro. Esperem aqui”.
Pensando que se tratasse de um agente à paisana, os policiais o deixaram passar. Ao entrar no edifício, cumpriu a missão que o trouxera até ali: oferecer os sacramentos a um grupo de católicos que, tão clandestinamente quanto ele, se arriscavam por amor a Cristo. E depois saiu, saudando os policiais e informando que o tal padre não estava mais lá dentro!
Em outra ocasião, quando também notou que dois agentes o vigiavam, encontrou na rua uma senhora católica, já conhecida sua por frequentar as Missas; aproximou-se dela e ordenou em voz baixa que agisse como se fosse sua esposa. Vestido de civil conforme a lei o obrigava, ele se pôs de braços dados com a repentina “esposa” e seguiu andando tranquilamente, deixando os agentes mais uma vez confusos diante da sua incrível rapidez de raciocínio – que ele conseguia manter apesar do nervosismo que aquele contexto de perigo constante provocaria em qualquer um.
Firme até o martírio
Com essas “afrontas” e o sucesso do seu apostolado, o pe. Miguel Pro se tornou um dos maiores inimigos do governo callista. Ele não esmoreceu nem sequer quando foi finalmente preso e condenado ao fuzilamento. Seu testemunho na hora do martírio pode ser conferido neste outro artigo arrepiante, inclusive com fotos que o governo fez para humilhá-lo e que, no entanto, só serviram para encorajar o povo mexicano a perseverar na fé:
O governo fotografou o martírio deste padre para humilhá-lo; mas o efeito foi o contrário!