Jesus “não precisa de nossas obras, só do nosso amor”Trecho de uma carta de Santa Teresinha à Irmã Maria do Sagrado Coração:
“Não penseis que nado em consolações, oh não! Meu consolo é não ter consolações na terra.
Sem mostrar-se, sem se fazer ouvir, Jesus ensina-me em segredo, não é por meio dos livros; pois não entendo o que leio. Às vezes, porém, uma palavra como esta que destaquei no final da oração (após ter ficado no silêncio e na aridez) vem consolar-me:
“Quero levar-te a ler no livro da vida onde está a ciência do amor’.
A ciência do Amor, oh sim! Esta palavra soa doce ao ouvido da minha alma, só desejo essa ciência. Tendo dado por ela todas as minhas riquezas, calculo, como a esposa dos cânticos sagrados, nada ter dado…
Entendo tão bem que só o amor possa nos tornar agradáveis a Deus, que fiz dele o único objeto dos meus desejos.
Jesus sente prazer em mostrar-me o único caminho que leva para essa fornalha divina. E esse caminho é a entrega da criancinha que adormece sem receio no colo do pai…
‘Quem for criança, venha cá´, disse o Espírito pela boca de Salomão, e esse mesmo Espírito de Amor disse também que ‘A misericórdia é dada aos pequenos‘.
Em nome dele, o profeta Isaías revela que, no último dia:
‘O Senhor leva à pastagem o seu rebanho, com o seu braço conserva-o reunido;
Traz no seu regaço os cordeirinhos, e tange cuidadosamente as ovelhas que aleitam’.
E, como se todas essas promessas não fossem suficientes, o mesmo profeta, cujo olhar inspirado mergulhava nas profundezas eternas, exclama em nome do Senhor:
‘Como alguém que é consolado pela própria mãe, assim eu vos consolarei, sereis levado ao colo, e acariciados sobre os joelhos´.
Ó madrinha querida! Depois de tal linguagem, só resta calar, chorar de gratidão e de amor…
Ah! Se todas as almas fracas e imperfeitas sentissem o que sente a menor de todas as almas, a alma da vossa Teresinha;
Nenhuma perderia a esperança de atingir o cimo da montanha do amor, pois Jesus não pede ações grandiosas, apenas o abandono e a gratidão, pois disse no Salmo XLIX:
‘Não tomarei o novilho de tua casa, nem os cabritos de teu rebanho;
Pois a mim pertence todo animal da floresta, as alimárias dos montes aos milhares.
Lembro-me de todas as aves do céu, e tenho ao meu alcance os animais do campo.
Se tivesse fome, não o diria a ti, porque minha é a terra e tudo o que encerra.
Porventura como carne de touros, ou bebo o sangue dos cabritos?…’
‘Oferece a Deus sacrifício de louvor e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.’ Eis, portanto, tudo o que Jesus quer de nós, Ele não precisa das nossas obras, só do nosso amor. Esse mesmo Deus que declara não precisar pedir comida a nós não receou mendigar um pouco de água junto à samaritana. Ele estava com sede…Mas ao dizer ‘dê-me de beber‘, o Criador do universo estava pedindo o amor da sua pobre criatura. Tinha sede de amor…
Ah! Sinto-o mais do que nunca, Jesus está sedento. Só encontra ingratos e indiferentes entre os discípulos do mundo enquanto, nos seus próprios discípulos, encontra poucos corações que se entregam a Ele sem reserva, que compreendem toda a ternura do seu Amor infinito”
Fonte: Livro “História de uma Alma” de Santa Teresinha do Menino Jesus, via AASCJ