“Como as pessoas podem esperar um debate justo e adequado se os fatos são suprimidos?”A BBC, rede pública de rádio e televisão do Reino Unido, foi acusada de esconder uma pesquisa que mostra o rechaço em massa a estender ainda mais a legislação que permite o aborto no país.
Em 16 de outubro, a BBC apresentou o seu documentário Abortion On Trial (O aborto em julgamento), no qual reuniu um grupo de mulheres para discutir a respeito desta prática, 50 anos depois da aprovação da lei que atualmente permite o aborto até as 24 semanas de gestação.
A lei britânica é considerada uma das mais permissivas da Europa.
A rede pública do Reino Unido pediu para a empresa ICM Unlimited para realizar uma pesquisa com duas mil pessoas maiores de 18 anos. O estudo foi realizado através da internet entre os dias 26 e 29 de maio e foi divulgado no mesmo dia em que o documentário foi publicado.
Entretanto, adverte o jornal britânico The Daily Mail, “não houve menção ao resultado” da pesquisa.
O estudo da ICM mostra que a maioria dos britânicos é favorável à exigência de mais critérios médicos e menos critérios subjetivos no tocante ao aborto, além de ressaltar que a minoria acredita que o “direito de escolha” da mulher seja uma causa aceitável para o aborto.
Há também alto desacordo com o aborto de bebês com deficiência e a maioria dos entrevistados rechaça o aborto com base no sexo do bebê.
Em vez de mostrar esses resultados, indicou o jornal, “os produtores ‘escolheram a dedo’ os resultados que apoiavam uma campanha radical para despenalizar o aborto, uma iniciativa que acabaria com o limite de 24 semanas para os abortos, devido às razões ‘sociais’”.
A rede britânica assegurou que “é completamente errado sugerir que a BBC suprimiu os resultados da pesquisa”, porque “foram divulgados à imprensa antes da transmissão, foram mencionados durante todo o programa e foram publicados completamente no site da ICM”. Para a BBC, “a equipe de produção realizou grandes esforços a fim de garantir que ‘Abortion On Trial’ fosse justo e imparcial”.
Entretanto, The Daily Mail destacou que o documentário não apresentou especialistas “dando seus pontos de vista alternativos” para as pessoas que promovem o aborto ilimitado.
A política conservadora Fiona Bruce, presidente do All Party Parliamentary Pro Life Group (Grupo pró-vida parlamentar de todos os partidos), questionou:
“Como as pessoas podem esperar um debate justo e adequado se os fatos são suprimidos? Prejudica a credibilidade escolher a dedo os resultados de uma pesquisa para refletir um lobby, cujos realizadores do programa parecem estar a favor”.
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Texto original da agência ACI Digital