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O que aconteceu quando o autor de “O Exorcista” se arriscou a mexer com a ouija

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Zelda Caldwell - publicado em 08/11/17
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Enquanto trabalhava no livro que deu origem ao famoso filme de horror, William Peter Blatty se convenceu de que a possessão demoníaca é realHá quem resuma essa obra como “o filme mais assustador de todos os tempos“: baseada no livro de William Peter Blatty, publicado em 1971, a versão cinematográfica de “O Exorcista” foi lançada em 1973 e retratou o rito católico do exorcismo através da impactante história de Regan, uma menina possuída aos 12 anos de idade. A película mostra ainda a busca desesperada de ajuda por parte de Chris, a mãe da adolescente, e os esforços dos sacerdotes que intervieram em seu auxílio.

O que muita gente passa por alto, no filme e no livro, é o papel desempenhado pelo tabuleiro ouija na possessão de Regan.

No início do filme, a mãe pergunta à menina como se usa a ouija. Ela responde que a usa com um tal “Capitão Howdy”.

– Quem é o capitão Howdy?

– Ué. Capitão Howdy. Eu faço as perguntas e ele dá as respostas!

O tabuleiro ouija serviu como canal para que o diabo, sob a forma de “Capitão Howdy”, tivesse acesso à alma de Regan.

O autor William Peter Blatty, que morreu no início deste ano, admitiu em entrevista de 1972, concedida ao jornalista britânico Ray Connolly, que, enquanto escrevia “O Exorcista”, teve uma experiência pessoal com a ouija e se convenceu de que tinha se comunicado com algum tipo de espírito. Perguntado se tinha ficado com medo ao escrever o livro, Blatty respondeu:

“Não quero parecer louco, mas, enquanto escrevia o último capítulo e o epílogo, tive uma série de experiências bizarras. Pela primeira vez na vida, me vi quase grudado a um tabuleiro ouija durante dez dias.

Nunca tinha feito isso antes, mas vi que eu não conseguia parar e tive o sentimento claro de estar me comunicando com os mortos. Sim, concordo que pode ter sido autossugestão, e sabia como funcionava a ouija porque fiz muitas pesquisas sobre isso para o livro, mas houve coisas inexplicáveis ​​em termos racionais.

Cheguei a pensar que era o meu pai que estava falando comigo e procurei alguém que me ajudasse a confirmar essa experiência. [Esse alguém] foi uma garota que conseguia entrar em transe hipnótico. Eu não toquei de modo algum no tabuleiro e fiz as minhas perguntas em árabe, uma língua em que ela não entendia nenhuma palavra, e, mesmo assim, obtive as respostas exatas.

Aí pensei que talvez eu estivesse formulando respostas mentalmente em inglês e ela pudesse captá-las por telepatia”.

Blatty acrescentou em sua entrevista a Connolly, no entanto, que, depois de experimentar a ouija, coisas estranhas e inexplicáveis ​​continuaram acontecendo:

“Depois ocorreram experiências de poltergeist. Durante a revisão do livro na casa de um amigo, tocou o telefone e, de repente, o aparelho se deslocou do gancho. Aconteceu primeiro com ele e depois comigo. Perguntei a um amigo que é especialista em acústica, do Kennedy Center, se isso podia ser causado por fatores elétricos e ele respondeu que era impossível, o que foi confirmado também por engenheiros da empresa de telefonia de dois Estados. Mas nós dois tínhamos visto aquilo acontecendo. Houve muitos incidentes, mas aquele não podia ser explicado de forma nenhuma. Depois disso, uma máquina de escrever elétrica escreveu uma linha numa linguagem incompreensível. Mas não entendo de coisas elétricas. Talvez fosse por causa de algum curto-circuito”.

O fato é que Blatty acabou se tornando católico praticante, embora, no momento da entrevista, tenha descrito o seu catolicismo como “relaxado”. Ele afirmou, porém, que as suas pesquisas e as experiências que viveu durante a elaboração do livro o convenceram de que as possessões demoníacas são reais:

“Se 97 ou 98% dos casos relatados como possessão podem ser explicados como simples fraude ou doença mental, continua havendo 2 ou 3% que não se enquadram nesses casos. A respeito desses casos eu concluí, procurando ser prudente, que uma entidade não corpórea, inteligente e não humana pode de algum modo se apoderar de um ser humano”.

Tabuleiro ouija

Confira também uma resenha do filme Ouija neste outro artigo de Aleteia:

Filme “Ouija”: terror mais ou menos na medida para adolescentes