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O Papa mandou um terço de presente a Lula? Vaticano desmente a falsa notícia

terço do Papa
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Reportagem local - publicado em 12/06/18
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“Fake news” foram veiculadas e compartilhadas ontem por páginas ligadas a grupos políticos e ideológicos brasileirosO Vatican News, a agência informativa oficial do Vaticano, desmentiu hoje uma notícia falsa veiculada na tarde desta segunda-feira por alguns sites e páginas de redes sociais: a de que o Papa Francisco teria enviado um terço de presente a Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

A página de Lula no Facebook havia publicado a foto de um terço junto a um papel com o brasão e a assinatura do Papa Francisco. De acordo com a publicação, o terço teria sido enviado pelo Santo Padre por meio do advogado argentino Juan Grabois, ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz – mas que, também erroneamente, era apresentado como “assessor do Papa”.

Eis o desmentido publicado pelo Vatican News:

Esclarecimento sobre a notícia da entrega de Terço do Papa ao ex-presidente Lula

Vários meios de comunicação brasileiros deram a notícia sobre a entrega de um Terço do Papa ao ex-presidente Lula. Esclarecemos:

O advogado argentino Juan Grabois, fundador do Movimento dos trabalhadores excluídos e consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, deu uma entrevista em sua tentativa de visitar o ex-presidente Lula na prisão de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois disse que a visita era pessoal e não em nome do Santo Padre. Ele não teve a permissão para se encontrar com Lula.

Na entrevista, ele nunca declarou que foi o Papa a enviar o Terço, mas simplesmente que se tratava de um Terço que tinha sido “abençoado” pelo Papa. Terços como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros do mundo, sem entrar no mérito de realidades particulares.

12 junho 2018, 14:22

Fonte: Vatican News

A atualização da nota pelo Vatican News

Apresentando como data e horário “13 junho 2018, 00:51”, o Vatican News publicou nova nota com o título “Correção sobre o caso Grabois-Lula“. O texto anterior foi retirado do site e o novo artigo explica que a nota prévia continha “imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros“.

A essência da nota, porém, não foi alterada: assim como antes, ela não afirma que o terço entregue a Lula tenha sido enviado nominalmente a ele pelo Papa Francisco, mas sim que o próprio Grabois queria entregar a ele um terço abençoado pelo Papa. Afirmações e interpretações sobre o que a nota não diz são de responsabilidade de quem as fizer. A respeito dos terços abençoados pelo Papa e que são acessíveis a todo peregrino em visita ao Vaticano, confira informações mais abaixo neste mesmo artigo, na seção “Sobre os terços abençoados e as palavras do Papa“. Em vez de alterarem o já publicado sobre este assunto, as correções expostas pelo Vatican News se limitam aos dados sobre o trabalho de Juan Grabois e sobre as declarações feitas por ele em sua tentativa de visitar Lula.

A primeira imprecisão corrigida pelo Vatican News diz respeito ao cargo de Grabois, esclarecendo que ele não é “ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz“, mas sim “consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e Paz“. Ou seja, o prefixo “ex” havia sido atribuído ao posto de consultor de Grabois em vez de ser atribuído ao dicastério vaticano, que deixou de existir porque foi incorporado ao novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Grabois continua sendo consultor do novo dicastério. O Vatican News observa ainda que Grabois é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco, desconsiderando-se, por conseguinte, a informação genérica divulgada por outros veículos de que ele seria “assessor do Papa“.

A segunda imprecisão corrigida pela agência informativa diz respeito às declarações de Grabois ao ser impedido de visitar Lula em Curitiba, conforme reproduzidas a seguir, em cópia na íntegra da nova nota do Vatican News:

Correção sobre o caso Grabois-Lula

Corrigindo um nosso serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros. Abaixo apresentamos a notícia correta.

O advogado argentino Juan Gabrois é Consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e Paz, que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.

Grabois concedeu uma entrevista (https://youtu.be/A7F-C1Bi5Q0) depois de ter sido impedido de visitar o ex-presidente Lula no Cárcere de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado.

Grabois disse que está muito preocupado com a situação política no Brasil e em vários países da América Latina. Enfim, disse estar muito triste pela proibição de realizar esta visita, mas que o importante é ter conseguido levar a Lula o Terço.

13 junho 2018, 00:51

Fonte: Vatican News

Sobre os terços abençoados e as palavras do Papa

Segundo a agência ACI Digital, um vídeo divulgado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) mostra Grabois afirmando que trouxe para Lula “um terço abençoado pelo Papa Francisco”. O tradutor, no entanto, diz que o advogado “trazia este rosário que é um presente do Papa ao presidente Lula”.

É bastante acessível, no Vaticano, obter rosários e medalhas abençoados pelo Papa em cerimônias públicas. Qualquer peregrino pode levar para casa um desses sacramentais e presenteá-lo a um amigo. Embora sejam objetos devocionais abençoados de fato pelo Papa, isto não quer dizer que é o Papa em pessoa quem os presenteia de modo nominal e específico a determinado destinatário.

O mesmo se aplica às “palavras do Papa e as suas reflexões com os movimentos sociais“, que, sendo públicas, também estão acessíveis a todos, independentemente de crenças e de pertencimento ou não a movimentos sociais específicos.

Outras falsas notícias envolvendo o Papa

Não é a primeira vez que o nome do Papa Francisco é usado de forma tergiversada por grupos ideológicos para darem a impressão de que o Papa lhes presta apoio pessoal.

  • Em dezembro de 2016, uma organização abortista brasileira descontextualizou palavras do Papa e mentiu a fim de manipular a opinião pública a favor do assassinato de bebês. Confira o caso indignante aqui.
  • Em março deste ano, a Sala de Imprensa da Santa Sé precisou se pronunciar sobre a notícia de que o Papa teria telefonado para a mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro. Confira o caso aqui.
  • No começo de abril, espalhou-se pela internet uma montagem com a foto do Papa e uma falsa frase que ele teria dito na homilia da Vigília Pascal a respeito de Lula e da sua prisão. Confira este caso aqui, acompanhado pela íntegra da verdadeira homilia do Papa na Vigília Pascal.
  • A assim chamada “grande mídia” também costuma, frequente e propositalmente, descontextualizar declarações dos Papas relacionadas com temas sociais, econômicos e políticos considerados polêmicos, além de deturpar até mesmo declarações sobre questões doutrinais da Igreja.

Fontes oficiais e confiáveis

Os discursos oficiais do Papa Francisco podem (e devem) ser consultados na única fonte oficial que os divulga na íntegra: o site do Vaticano.

Notícias oficiais sobre atividades de interesse público do Santo Padre podem ser conferidas no site do Vatican News, a única agência oficial da Santa Sé.

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