Vítimas da hipocrisia e do ódio disfarçado de “liberdade, igualdade e fraternidade”, elas não tiveram medo de ser fiéis à verdadeira liberdadeEm 17 de julho, dia seguinte à celebração litúrgica de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja rememora o martírio de 16 religiosas carmelitas durante a Revolução Francesa. Vítimas do ódio à fé que caracterizava uma parte muito relevante do assim chamado “iluminismo”, elas foram decapitadas em Compiègne, na França.
A morte sangrenta provocada pela perseguição contra a fé em Cristo havia sido profetizada cem anos antes, quando uma religiosa da mesma comunidade tivera uma visão: todas as freiras do convento, vestidas de branco, seguravam a palma do martírio.
A “liberdade, igualdade e fraternidade” revolucionária
Estabelecidas na região havia quase 150 anos, as carmelitas de Compiègne foram obrigadas, durante a “democrática” Revolução Francesa, a viver como leigas. Além disso, a lei revolucionária de 1790 forçava o fechamento do convento, o que acarretou a redistribuição das freiras em quatro casas separadas. Com muita “liberdade, igualdade e fraternidade“, as religiosas ainda tiveram que escolher entre assinar o “juramento revolucionário” ou sofrer a deportação.
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Apesar da extrema hostilidade da qual todos os religiosos da França eram alvo, a priora carmelita Teresa de Santo Agostinho fomentou entre as irmãs da sua comunidade a fidelidade aos preceitos da vida conventual, que elas continuaram a praticar na clandestinidade. Entretanto, algumas denúncias às autoridades revolucionárias levaram a uma investigação que juntou “provas de vida conventual”: as carmelitas foram assim acusadas de “complô para restabelecer a monarquia e extinguir a República”.
As religiosas que foram presas se negaram a assinar novamente o juramento revolucionário e, acusadas de “conspiração contra a revolução”, foram amarradas e levadas a Paris em duas carroças. Na capital francesa, foram trancadas na prisão da Conciergerie, o que, praticamente, equivalia a uma confirmação da pena que as esperava: a guilhotina.
As freiras testemunharam no presídio uma grande firmeza na fé: além de continuarem rezando, elas ainda celebraram com solenidade a festa de Nossa Senhora do Carmo em 16 de julho de 1794.
No dia seguinte, o Tribunal Revolucionário as condenou oficialmente à morte.
À sombra da guilhotina, as carmelitas cantaram o mais solene dos hinos de ação de graças da tradição católica, o “Te Deum”. Após renovarem suas promessas e votos religiosos, foram uma a uma encarar de cabeça erguida o covarde fim material da sua vida, imposto por revolucionários brutais e homicidas que, com a típica hipocrisia que marca tais movimentos, se diziam “ilustrados e democráticos” defensores da “liberdade, igualdade e fraternidade“.
As 16 carmelitas mártires de Compiègne foram beatificadas por São Pio X em 1906.
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