A leitura é a mais importante das matérias escolares – e você pode incentivar este hábito em seus filhos1. A leitura é a mais importante das matérias escolares. Por quê? Porque ela é necessária para dominar todas as outras. Será extremamente difícil resolver um problema de matemática se a criança não compreender bem o que está escrito. E o que dizer das questões de sociologia ou ciências, se ela não conseguir ler e compreender os livros? Se ler bem é tão importante, como uma criança pode aperfeiçoar a leitura?
2. Em todo o mundo, as crianças que leem mais, leem melhor. Isso é válido para todos os níveis sociais – ricos ou pobres, vivam as crianças em grandes centros urbanos ou na periferia. Uma pesquisa abrangendo 250.000 estudantes em 32 países demonstrou que, independentemente do nível econômico (A, B ou C), as notas dos alunos aumentavam proporcionalmente ao seu grau de envolvimento com a leitura. Os alunos do nível econômico C classificados como “leitores assíduos” levavam uma vantagem de mais de 100 pontos sobre os alunos do mesmo nível econômico classificados como “leitores esporádicos”. O que fazer, então, para que as crianças leiam mais em casa?
3. É preciso gostar de ler. Os seres humanos são criaturas que buscam o prazer; se gostamos de algo, fazemos a mesma coisa de novo e de novo. Vamos ao nosso restaurante favorito e pedimos a comida e a bebida de que gostamos, e não aquilo que não apreciamos. Portanto, se você quer garantir que seus filhos leiam com mais frequência, faça com que eles gostem de ler. O que fazer, então, para que isso aconteça?
4. Leia em voz alta para eles, desde a tenra idade. No começo, o som da sua voz será uma fonte de calma, condicionando a criança a associar você e o livro a uma sensação de segurança. Conforme seu filho for crescendo, aumente o tempo de leitura – de alguns minutos para ao menos 20 minutos diários, passando dos livros ilustrados aos livros divididos em capítulos.
5. A compreensão oral antecede a compreensão escrita. É preciso ter ouvido uma palavra antes de poder dizê-la, lê-la ou escrevê-la. Se nunca tivéssemos ouvido a palavra “enorme” sendo utilizada em um contexto significativo, não a entenderíamos quando a tivéssemos de ler ou escrever. Há no cérebro das crianças uma espécie de “reservatório de palavras”, e é dever dos pais alimentá-lo de palavras, que então transbordam para a fala e, depois, para a leitura e a escrita. Por volta dos 4 anos de idade, crianças de famílias mais favorecidas terão ouvido, no ambiente doméstico, cerca de 45 milhões de palavras, enquanto uma criança pobre terá ouvido apenas 13 milhões. É uma diferença de 32 milhões de palavras, o equivalente a 1 ano de vantagem sobre a criança menos favorecida. FATOR IMPORTANTE: uma criança passa 900 horas por ano na escola e 7.800 horas em casa. Quem é o professor mais importante?
6. Em geral, o nível de compreensão oral das crianças é superior ao seu nível de leitura. É por volta do nono ano que o nível de leitura nivela-se com o nível de compreensão oral. Isso significa que uma criança do 1º ano pode ouvir e compreender livros destinados a crianças do 3º ou 4º anos, os quais ela ainda não consegue ler. Os livros de capítulos geralmente lhes apresentam palavras novas, novas ideias e um mundo para além dos muros do quintal – e isso, por sua vez, irá ajudá-las a compreender melhor o que mais tarde terão de ler nos livros escolares.
7. Pesquisas comprovam que crianças provenientes de lares abundantes em material de leitura – livros, revistas e jornais – leem melhor e vão à biblioteca com mais freqüuncia. As bibliotecas reúnem a maior quantidade de livros que você poderá encontrar, e os melhores livros já escritos – tudo de graça. Lembre-se: um mesmo livro pode ser encontrado novinho em folha numa livraria a R$50 e usado em um sebo a R$10. Famílias leitoras mantêm livros e revistas no banheiro, na cabeceira da cama e na mesa da cozinha para preencher aqueles momentos em que não há nada para fazer. Coloque um abajur próximo à cama da criança e conceda-lhe o privilégio de ficar acordada mais 15 minutos para ler (ou olhar as ilustrações de um livro) antes de dormir. Este poderá ser o curso noturno mais importante de toda a sua vida.
8. Existe uma significativa relação entre o excesso de exposição à TV e o desempenho insatisfatório na escola. Em poucas palavras: aqueles que assistem mais à TV geralmente sabem menos. Pesquisas têm demonstrado que um máximo de 10h de televisão por semana não surte impactos sobre o desempenho escolar, mas, acima dessa marca, as notas começam a cair. 60% das crianças hoje têm um televisor no quarto. Mau sinal. Um estudo comparativo das notas em matemática e leitura de alunos do quarto ano ilustra a situação das crianças com e sem TV no quarto. Uma criança passa em média 1.460 horas por ano assistindo a TV/DVD’s e jogando jogos de computador – o equivalente a assistir a “E o Vento Levou” 392 vezes por ano. E os áudio-livros, contam?
9. Os audiolivros também contam! Embora uma voz gravada não seja tão boa quanto um adulto de carne e osso realizando a leitura, parando para explicar alguma coisa da história, é melhor do que nada. É também um expediente valioso para aqueles pais com alguma deficiência em leitura, ou que têm o português como segunda língua.
(via Como educar seus filhos. Tradução de brochura de Jim Trelease publicada originalmente aqui.)