Embora absolvida da acusação de “blasfêmia contra o islã”, a mãe cristã de 5 filhos continua presa e proibida de sair do paísAshiq Masih, marido de Asia Bibi (na foto com a filha caçula do casal), afirmou temer pela vida da esposa mesmo depois que a Suprema Corte do Paquistão anulou a sua sentença de morte. Asia Bibi tinha sido condenada à forca por ter supostamente cometido “blasfêmia contra o islã” em 2009, acusação que jamais foi comprovada nestes quase 10 anos de pesadelo. Mãe de 5 filhos, a mulher cristã está presa desde 2010 – e grande parte desse período em uma cela sombria do corredor da morte paquistanês.
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Trata-se, por agora, de uma absolvição sui generis, já que ainda há risco de reviravolta na decisão judicial: sob pressões intensas, o Supremo Tribunal deverá reanalisar o caso e, enquanto isso, Asia Bibi continua presa e probida de deixar o país. Esta foi uma garantia dada pelo governo do Paquistão ao grupo fundamentalista muçulmano Tehreek-e-Labbaik Paquistan (TLP), que tem organizado agressivos protestos em diversas cidades do país, inclusive com bloqueio de estradas, para exigir que a sentença à forca seja cumprida.
Em entrevista concedida neste domingo, 4 de novembro, à rede alemã Deutsche Welle (DW), Ashiq Masih declarou:
“A situação é perigosa para Asia. Sinto que a vida dela não está segura. Não podemos esquecer que dois cristãos em Faisalabad foram assassinados anos depois que um tribunal os libertou. Eles também tinham sido acusados de blasfêmia. Eu apelo por isso ao governo para reforçar a segurança de Asia no presídio.
A minha esposa já sofreu muito. Ela ficou dez anos na prisão. O veredito da Suprema Corte criou um raio de esperança. As minhas filhas estavam morrendo de saudade, mas agora esse pedido de revisão vai prolongar a situação, que já é grave.
A minha família está assustada. Meus familiares e amigos também estão assustados. Esse acordo nunca deveria ter acontecido. Os três juízes emitiram a sentença depois de considerar todos os aspectos do caso, analisar todos os fatores, estudar as contradições e analisar todos os fatos. O governo não devia ter feito esse acordo. O Poder Judiciário é muito corajoso. Mas, agora, os clérigos muçulmanos podem se reunir e tentar influenciar o veredito.
A situação está muito perigosa para nós. Não temos segurança e estamos nos escondendo aqui e ali, mudando de lugar. Acho que os clérigos vão cercar a Suprema Corte no dia da audiência. Eu realmente vou estar com muito medo de ir lá no dia, mas acredito que Deus vem nos protegendo e vai continuar nos protegendo. Coloco toda a minha confiança em Deus”.
O advogado de Asia Bibi, Saiful Maluk, teve que sair do Paquistão neste fim de semana por causa das ameaças de morte que está recebendo. Ele declarou à AFP:
“Preciso continuar vivo para dar andamento à batalha legal por Asia Bibi”.
O caso
Para entender o caso que mobilizou o mundo cristão em defesa de uma inocente, acesse o seguinte artigo:
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