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Papa faz visita surpresa a universidade de Roma e desafia os acadêmicos

POPE CAMPIDOGLIO
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Vatican News - Reportagem local - publicado em 27/03/19
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“A vida não começa com vocês, mas precisa de vocês para continuar”A Pontifícia Universidade Lateranense de Roma organiza todos os anos a sua tradicional meditação de Quaresma. A deste ano, realizada ontem, foi marcada pela visita-surpresa do Papa Francisco.

Ele começou a Lectio Divina na Aula Magna refletindo sobre a primeira leitura do dia, retirada do livro do profeta Daniel (Dn 3, 25. 34-43). O texto traz a oração dos jovens Hananias, Azarias e Misael, filhos de Israel, jogados a uma grande fornalha ardente pelo rei da Babilônia, Nabucodonosor, por terem rejeitado a ordem de adorar a sua estátua de ouro, convictos da fidelidade a Deus e da própria liberdade. São atitudes que expõem ao martírio, “como acontece também hoje aos seus colegas cristãos, em algumas partes do mundo”, destacou o Papa. Mas, operando um milagre, Deus impediu, nesse caso, a morte dos jovens:

“Ser encobertos pelas chamas e permanecer ilesos: acontece com a ajuda do Senhor Jesus, o Filho de Deus, e da inspiração do Espírito Santo. Eu imagino vocês assim: mesmo que vivamos num contexto cultural marcado pelo pensamento único, que envolve a todos e faz adormecer com o seu abraço mortífero e queima toda forma de criatividade e de pensamento divergente, vocês caminham ilesos graças à consagração em Jesus e no seu Evangelho, que se tornou atual pelo poder do Espírito Santo. Dessa maneira, mantenham o olhar elevado e também outro olhar para a realidade, uma diferença cristã portadora de novidade”.

Inverno demográfico

O Papa convidou os estudantes a fazerem parte dessa realidade “com sabedoria crítica e capacidade de discernimento”, a fim de colaborarem com a vida cultural e social do mundo. Essa “adesão ao Evangelho”, com pensamento autêntico, ajuda a não ceder às tentações do individualismo, inclusive daquela manifestação do individualismo descrita por Francisco como “inverno demográfico”, perigoso e que nos separa dos outros:

“Casais seguem sem fecundidade. Por egoísmo, por querer mais, para fazer viagens culturais, mas os filhos não vêm. Aquela árvore não dá frutos. O inverno demográfico que hoje todos nós sofremos é realmente o efeito desse pensamento único, egoísta, dirigido somente a nós mesmos, que busca somente a ‘minha’ realização. Estudantes, pensem bem nisso: pensem em como esse pensamento único é tão ‘selvagem’… Parece muito cultural, mas é ‘selvagem’, porque impede você de fazer história, de deixar uma história depois de você”.

Francisco definiu a exaltação do próprio eu como “uma vergonha”.

O futuro precisa de “revolução cultural corajosa”

O Papa enfatizou a necessidade de uma “mudança de paradigma” inclusive para os estudantes universitários eclesiásticos, que não devem “ficar dissociados da humanidade”, não devem “brincar com os conceitos nem se prender a fórmulas abstratas”, mas ser capazes de “uma revolução cultural corajosa”.

Ele enalteceu a importância dos estudos fundamentados no Evangelho para ajudar a interpretar o mundo e desejou que todos sejam abertos ao futuro, sonhando e projetando:

“Continuem a trabalhar, porque a vida não começa com vocês, mas precisa de vocês para continuar. Enraizados na memória dos antepassados, enraizados no pertencimento a um povo. O presente é de vocês e não é de vocês: é um dom que que vem da história, oferecido a você, mas para ser levado adiante. A sua decisão é o que vai fazer com que o dom continue a seguir em frente e dê frutos”.

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A partir de matéria do Vatican News

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