Depois da provocação de cantor gospel contra Nossa Senhora, jurado de programa culinário se acha no direito de provocar os católicos em nome da “tolerância”Jurado do programa televisivo MasterChef Brasil, transmitido pela Band, o empresário e chef de cozinha Henrique Fogaça postou em sua conta no Instagram, na manhã desta sexta, a foto de uma visita que fez ao Vaticano trajando uma camiseta cuja estampa exibia duas modelos fantasiadas de freiras beijando-se na boca.
É bastante razoável afirmar que é de amplo conhecimento público, há diversas gerações, em dezenas de países de todos os continentes, o fato de que as freiras católicas fazem voto de castidade, o que, em tese e por si só, já deveria ser suficiente para se compreender que representá-las aos beijos, na estampa da camiseta com que se passeia por um dos locais mais emblemáticos e importantes do catolicismo para bilhões de católicos do mundo inteiro, provavelmente seria interpretado, e não sem razão, como uma provocação que, para dizer o mínimo, é perfeitamente desnecessária.
Apesar desse “detalhe”, o empresário posou junto a duas religiosas sorridentes, que parecem ter-se limitado a demonstrar acolhimento e simpatia sem retribuírem à provocação. De acordo com Fogaça, aliás, foram elas próprias que pediram para tirar a foto com ele.
O chef de cozinha, no entanto, acrescentou à foto a legenda “Pedindo a bênção. ‘Orai por nós’, ‘Prega per noi’, ‘Pray for us’“, seguida pelas significativas tags “blasfêmia”, “o choro é livre” e “f* hipocrisia“. O asterisco substitui um termo chulo em inglês que o empresário escreveu na íntegra.
Com uma dose bastante generosa de boa vontade, a alegação de não se ter imaginado que uma camiseta dessas poderia provocar os católicos até que poderia ser engolida, mas como interpretar a última tag?
Avalanche de críticas
Uma quantidade aparentemente “inesperada” de comentários críticos à provocação desnecessária levou Fogaça a excluir a imagem do seu perfil. Mais tarde, no entanto, ele publicou uma longa série de tentativas de justificar a sua postagem:
“Vivemos em um mundo em busca da liberdade de expressão, da igualdade e acima de tudo ‘O RESPEITO PELA INDIVIDUALIDADE E OPÇÃO SEXUAL DE QUALQUER SER HUMANO’, seja ele negro, branco, azul, amarelo, japonês, padre, freira, católico, ateu etc etc, por ai vai. Zelo pela individualidade e respeito ao próximo”.
É válido observar que a alegação de “respeito ao próximo”, feita depois que o próximo foi desrespeitado de modo literalmente gráfico pelo arauto do respeito, é no mínimo contraditória e fica ainda menos convincente quando se arremata a suposta demonstração de “tolerância” com a tag “f* hipocrisia”.
Respostas
O pe. Gabriel Vila Verde, que na semana passada respondeu com firmeza ao gesto anticatólico do cantor gospel Fernandinho em plena festa de Corpus Christi, comentou em sua conta no Facebook a nova mostra gratuita da “intolerância dos tolerantes” – mais uma vez, e para variar, contra os católicos. Eis o que afirmou o pe. Gabriel:
NOTA DE REPÚDIO
Sinceramente, eu não conheço esse homem. Dificilmente acompanho os programas de televisão, mas soube hoje que ele é um famoso apresentador de não sei o que. Seja lá quem for, fica aqui o meu total repúdio a este ato desrespeitoso. Ir ao Vaticano com esta camisa, e ainda tirar foto com as religiosas que, sem dúvida, não perceberam a estampa da camisa. Qual a necessidade disso? Porque afrontar gratuitamente a Igreja? Seria a vontade excessiva de “lacrar” ??? A Igreja sempre apanhou e vai continuar apanhando do mundo, mas o mundo nunca terá o meu silêncio em relação a estas perseguições e afrontas. Como canta o Hino do Apostolado: “Não nascemos senão para a luta, de batalha amplo campo é a terra”.
Centenas de internautas também questionaram os dois pesos e duas medidas que julgaram haver na postura de Fogaça. O blog Ancoradouro destacou um dos comentários:
“No mínimo você é incoerente, vai lá no Vaticano turistar e fica cuspindo, mermão quem é você pra falar de uma religião que unificou o conceito de liberdade no ocidente e graças a isso você pode andar, entrar e falar o que quiser sem ser decapitado (…) Existe um abismo entre respeito e opinião, se eu detestar sua comida eu não vou no seu restaurante, muito diferente de ir lá e ficar agredindo as pessoas que gostam”.
De fato, seria curioso saber se Fogaça falaria em “liberdade de expressão” na hipótese de que alguém se posicionasse à porta do seu restaurante vestindo estampas com claro potencial de provocar e ridicularizar não apenas a sua profissão, mas principalmente os seus valores e o próprio estilo de vida que ele abraçou por amor e com total entrega pessoal; na hipótese, ainda, de que esse alguém tirasse uma foto abraçando o próprio Fogaça e os seus colaboradores; e na hipótese, por fim, de que esse alguém exibisse a foto em uma rede social acrescentando as significativas tags “f* hipocrisia” e “o choro é livre“. Em tais hipóteses, parece justo considerar que Fogaça teria bastante razão em se perguntar se esse alguém estava mesmo promovendo a tolerância.