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Papa: onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra

POPE FRANCIS - PENTECOST - VIGIL
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Reportagem local - publicado em 30/07/19
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“Quando nós imploramos, Maria pede por nós”Quando você se sentir perturbado ou inquieto, refugie-se sob o manto da Santa Mãe de Deus e invoque: «Santa Mãe de Deus».

É o que orienta o Papa Francisco, que insiste: “onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra. Onde está a Mãe, a perturbação não prevalece, o medo não vence”.

O povo cristão compreendeu, desde o início, que, nas dificuldades e provações, é preciso recorrer à Mãe, como indica a mais antiga antífona mariana: À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

Recorremos, procuramos refúgio. Os nossos pais na fé ensinaram-nos que, nos momentos turbulentos, é preciso acolhermo-nos sob o manto da Santa Mãe de Deus. Outrora os perseguidos e os necessitados procuravam refúgio junto das mulheres nobres da alta sociedade: quando o seu manto, que era considerado inviolável, se estendia em sinal de acolhimento, a proteção era concedida. O mesmo, fazemos nós em relação a Nossa Senhora, a mulher mais excelsa do género humano. O seu manto está sempre aberto para nos acolher e recolher-nos.

Segundo o Papa, bem o recorda o Oriente cristão, onde muitos celebram a Proteção da Mãe de Deus, que, num lindo ícone, é representada com o seu manto abrigando os filhos e cobrindo o mundo inteiro.

Os próprios monges antigos recomendavam que, nas provações, nos refugiássemos sob o manto da Santa Mãe de Deus: invocá-La – «Santa Mãe de Deus» – já era garantia de proteção e ajuda, repetindo apenas assim: «Santa Mãe de Deus», «Santa Mãe de Deus»

O Papa considera que esta sabedoria, que vem de longe, ajuda-nos: a Mãe guarda a fé, protege as relações, salva nas intempéries e preserva do mal. Onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra.

Onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra. Onde está a Mãe, a perturbação não prevalece, o medo não vence. Quem de nós não precisa disto? Quem de nós não se sente às vezes perturbado ou inquieto?

Quantas vezes o coração é um mar em tempestade, onde as ondas dos problemas se amontoam e os ventos das preocupações não cessam de soprar! Maria é a arca segura no meio do dilúvio. Não serão as ideias ou a tecnologia a dar-nos conforto e esperança, mas o rosto da Mãe, as suas mãos que acariciam a vida, o seu manto que nos abriga. Aprendamos a encontrar refúgio, indo todos os dias junto da Mãe.

Não desprezeis as súplicas: continua a antífona. Quando nós imploramos, Maria pede por nós. Há um lindo título em grego – Grigorusa – que significa «Aquela que intercede prontamente». E este termo «prontamente», usa-o Lucas no Evangelho para Maria quando foi visitar Isabel: à pressa, imediatamente!

Intercede prontamente, não demora, como ouvimos no Evangelho, onde imediatamente leva a Jesus a necessidade concreta daquelas pessoas: «Não têm vinho» (Jo 2, 3), e não acrescenta mais nada! Assim faz, sempre que A invocamos: quando nos falta a esperança, quando escasseia a alegria, quando se esgotam as forças, quando se obscurece a estrela da vida, a Mãe intervém.

Segundo o Papa, o coração de mãe não se envergonha das feridas, das fraquezas dos filhos, mas quer tomá-las sobre si mesma. E a Mãe de Deus e nossa sabe tomar sobre Si, consolar, velar, curar.

Continua a antífona: livrai-nos de todos os perigos. O próprio Senhor sabe que precisamos de refúgio e proteção em meio de tantos perigos. Por isso, no momento mais alto, na cruz, disse ao discípulo amado, a cada discípulo: «Eis a tua Mãe!» (Jo 19, 27). A Mãe não é uma coisa opcional, é o testamento de Cristo. E precisamos d’Ela como de repouso um viandante, como de ser levado nos braços um bebé. É um grande perigo para a fé viver sem Mãe, sem proteção, deixando-nos arrastar pela vida como as folhas pelo vento. O Senhor sabe isso, e recomenda-nos acolher a Mãe. Não é um galanteio espiritual, é uma exigência de vida. Amá-La, não é poesia; é saber viver. Porque, sem Mãe, não podemos ser filhos. E, antes de tudo, nós somos filhos, filhos amados, que têm Deus por Pai e Nossa Senhora por Mãe.

O Concílio Vaticano II ensina que Maria é «sinal de esperança segura e de consolação para o povo de Deus ainda peregrinante» (Const. dogm. Lumen gentium, 68). É sinal: é o sinal que Deus posicionou para nós. Se não o seguirmos, extraviamo-nos. Com efeito, há uma sinalização da vida espiritual, que deve ser observada.

A nós, «que, entre perigos e angústias, caminhamos ainda na terra» (ibid., 62), tal sinalização indica-nos a Mãe, que já chegou à meta. Quem melhor do que Ela nos pode acompanhar no caminho? Por que esperamos? Como o discípulo que, ao pé da cruz, acolheu consigo a Mãe – diz o Evangelho – «como sua» (Jo19, 27), também nós convidamos Maria, desta casa materna, para a nossa casa, o nosso coração, a nossa vida.

Não se pode ficar indiferente, nem separado da Mãe, caso contrário perdemos a nossa identidade de filhos e a nossa identidade de povo, e vivemos um cristianismo feito de ideias, de programas, sem consagração, sem ternura, nem coração. Mas, sem coração, não há amor; e a fé corre o risco de se tornar uma linda fábula doutros tempos.

Ao contrário, a Mãe guarda e prepara os filhos. Ama-os e protege-os, para que amem e protejam o mundo. Façamos da Mãe o hóspede do nosso dia-a-dia, a presença constante em nossa casa, o nosso refúgio seguro. Consagremos-Lhe cada dia. Invoquemo-La em cada turbulência. E não nos esqueçamos de voltar junto d’Ela para Lhe agradecer.

Essa homilia completa do Papa Francisco encontra-se em Vatican.va

 

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