Antes de Marie Kondo já havia Santo Inácio Marie Kondo, a famosa “especialista em arrumação”, instrui as pessoas a passar pela casa e se perguntar se um determinado item “desperta alegria” dentro delas. Se o item não provocar uma resposta alegre, ele deve ser descartado ou vendido.
Embora Santo Inácio de Loyola não tenha sido um sucesso na Netflix, ele fornece suas próprias regras para avaliar o uso de coisas materiais.
Inácio estabeleceu suas regras logo no início de seus Exercícios Espirituais, e explica: “O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus, nosso Senhor, e assim salvar sua alma. E as outras coisas na face da terra são criadas para o homem e para que possam ajudá-lo a [alcançar] o fim para o qual ele é criado”.
Esta mesma verdade é expressa no Catecismo da Igreja Católica desta maneira:
“O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso” (Catecismo da Igreja Católica, 27).
Portanto, nossa criação por Deus deve formar toda nossa ação e, de um modo particular, nosso uso de coisas materiais.
Santo Inácio continua a instruir o leitor que, “Deste modo, segue-se que o homem deve usar [coisas materiais] tanto quanto o ajudarem para o seu fim, e deve livrar-se delas tanto quanto elas o impedirem [de fazer isso].”
Deste ponto de vista, Santo Inácio aconselharia um cidadão moderno a arrumar a casa, examinando cada item e questionando se isso os ajuda a aproximar-se de Deus.
Embora, na prática, isso seja difícil de discernir, por outro lado, o oposto é muito mais fácil de descobrir. Há certas coisas que podem ser facilmente classificadas como um obstáculo à nossa salvação ou nos impedem de desenvolver um relacionamento íntimo com Jesus.
Para algumas pessoas, isso pode significar desistir de muitas coisas, enquanto para outras, não. Não há uma resposta clara para tudo, e é necessário um discernimento cuidadoso para se chegar a uma decisão apropriada.
A chave para Santo Inácio é uma “indiferença” particular às coisas criadas. Requer um desapego das coisas deste mundo, percebendo que a vida eterna é muito mais importante.
Santo Inácio termina com uma poderosa reflexão que deve nos guiar em nosso uso dos bens materiais e nos lembrar como ordenar nossas vidas:
“Para isso, é necessário tornar-nos indiferentes a todas as coisas criadas em tudo o que é permitido à escolha do nosso livre arbítrio e não é proibido a ele; de modo que, de nossa parte, não preferimos a saúde em vez da doença, mais riquezas do que pobreza, mais honra que desonra, mais do que vida curta, e assim em todo o resto; desejando e escolhendo apenas o que é mais propício para nós até o fim para o qual somos criados”.