O Supremo Tribunal da Austrália diz que existe a “possibilidade significativa de uma pessoa inocente ter sido condenada”Em decisão unânime, o mais alto tribunal da Austrália anulou uma condenação por abuso sexual contra o cardeal George Pell, libertando-o imediatamente da prisão.
Pell, 78 anos, foi o mais alto clérigo da Igreja Católica já considerado culpado de abuso de menores. Ele havia sido condenado em março do ano passado a seis anos de prisão.
As acusações envolviam supostos abusos sexuais contra dois meninos do coral da Catedral St. Patrick, em Melbourne, nos anos 1990, quando Pell era arcebispo nesse local. Ele sempre negou firmemente as acusações, impetradas cinco anos atrás por um homem de 30 anos. Em um interrogatório policial de 2016, Pell chamou as acusações de “produto da fantasia”.
O Supremo Tribunal concluiu que o júri deveria ter acatado a dúvida sobre a culpa do réu em relação a cada um dos crimes pelos quais ele foi condenado. O Tribunal ordenou que as condenações fossem anuladas e que sejam inseridas em seu lugar sentenças de absolvição.
Nas cinco acusações, havia muitas improbabilidades que não haviam sido totalmente consideradas pelo júri, disse o Supremo Tribunal na terça-feira. Há “uma possibilidade significativa de que uma pessoa inocente tenha sido condenada”, escreveram os juízes, liderados pela juíza Susan Kiefel. A decisão foi unânime: 7-0.
O cardeal Pell divulgou um comunicado na manhã de terça-feira dizendo: “sempre defendi minha inocência enquanto sofria de uma grave injustiça”.
“Isso foi remediado hoje com a decisão unânime do Tribunal”, disse ele.
O cardeal disse que não tem ressentimento em relação ao acusador e não quer que sua absolvição “melhore a mágoa e a amargura que muitos sentem”.
Pell disse que a única base para a cura no longo prazo é a verdade e a única base para a justiça é a verdade, “porque justiça significa verdade para todos”.
Ele agradeceu por “todas as orações e milhares de cartas de apoio” que recebeu enquanto aguardava julgamento em detenção, onde ficou por pouco mais de um ano. Ele estava em isolamento devido à sua idade e problemas de saúde.
Durante todo o processo, a Santa Sé sempre tomou nota das decisões dos juízes australianos, reafirmando o maior respeito pelas autoridades judiciais em seus vários graus, mas aguardando ansiosamente por quaisquer desenvolvimentos adicionais no processo.
Recordando em várias declarações que o cardeal sempre sustentou sua inocência e seu direito de se defender até o último grau de justiça, constantemente reafirmou sua proximidade com as vítimas de abuso sexual e o compromisso, por meio das autoridades eclesiásticas competentes, de ir ao encalço dos membros do clero responsáveis por tais atos.