Durante uma missa na Quinta-feira Santa, o Papa Francisco homenageou esses padres chamando-os de “santos da porta do lado”Na Itália, estima-se que 109 padres morreram do Covid-19. Muitos deles contraíram a doença de pacientes aos quais prestavam atendimento.
Na Itália, “especialmente em áreas profundamente infectadas como Bergamo, [padres e religiosos] estão arriscando e, às vezes, dando suas vidas para atender às necessidades espirituais dos devotos mais atingidos pelo vírus”, de acordo com o New York Times.
Somente a Diocese de Bergamo perdeu 24 padres em 20 dias. Cerca de metade dos padres estavam aposentados, metade ainda ativos.
Diante de um vírus que separa famílias e cônjuges à medida que mata, os padres disseram que também sofrem ao se distanciar das pessoas quando elas mais precisam.
“Numerosos são aqueles que se expuseram [ao vírus] para estarem próximos de sua comunidade”, disse o bispo de Bergamo, Francesco Beschi.
“Neles, a Covid-19 é um sinal evidente de proximidade, um sinal doloroso de proximidade e participação no sofrimento.”
Durante uma missa da Quinta-feira Santa, o Papa Francisco homenageou os padres que estão na linha de frente, chamando-os de “santos da porta do lado”.
A lista de padres falecidos de Covid-19 na Itália inclui:
- Pe. Enrico Bernuzzi, 46 anos, da diocese de Tortona, morreu na madrugada de segunda-feira de Páscoa. Sacerdote desde 2006, ele foi o segundo padre mais jovem da Itália a morrer da infecção: pe. Alessandro Brignone, da diocese de Salerno-Campagna-Acerno, falecido em 19 de março, era um ano mais novo.
- Pe. Fausto Resmini, 67 anos, capelão da prisão de Bergamo por quase 30 anos e fundador de um centro para jovens problemáticos. Ele morreu em 23 de março depois de pegar o vírus no curso de seu ministério. Os moradores locais querem dar seu nome ao novo hospital de campanha.
- Pe. Marcello Balducci, de Pesaro, Itália, 61 anos, que continuou a ajudar na catedral, oferecendo orientação espiritual e ajuda material, até que contraiu o vírus e morreu.
- Pe. Giuseppe Berardelli, 72, que morreu no início deste mês em Lovere, Bergamo.
O Avvenire, o jornal oficial dos bispos italianos, identificou várias características comuns entre os padres que morreram, incluindo sua popularidade.
“A maioria dos padres morreu ao se infectar porque permaneceu no meio das pessoas, em vez de pensar em se salvar. Eles tendiam a permanecer em uma comunidade por longos períodos de tempo, servindo como guardiões da memória compartilhada e testemunhas de valores entre gerações”, afirmou o jornal.
Os clérigos tinham “uma presença preciosa que as pessoas descobrem ser indispensável, especialmente quando a distância forçada – ou a morte – as priva de uma pessoa que é sempre querida, próxima e disponível”, disse o Avvenire.
Leia também:
Coronavírus: padre morre ao abrir mão de respirador em favor de pessoa mais jovem