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Arcebispo de Paris reage com firmeza após polícia invadir Missa e prender padre

Dom Michel Aupetit, arcebispo de Paris

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Reportagem local - publicado em 27/04/20
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“Não é nada clandestina! Havia Missa porque a Missa se celebra todos os dias. É preciso parar este circo!”, declarou Dom Michel AupetitContinua gerando indignação e polêmica na França a postura abusiva de policiais que irromperam igreja adentro para mandar parar uma Celebração Eucarística no domingo 19 de abril, em Paris. Na ocasião, três policiais armados invadiram a igreja de Saint-André-de-l’Europe, onde, a portas fechadas, o pe. Philippe de Maistre celebrava a Missa com mais seis pessoas: um acólito, um cantor, um organista e três paroquianos que respondiam e faziam as leituras. A missa estava sendo transmitida via redes sociais, como tem ocorrido desde o início da quarentena imposta pelo governo de dezenas de países por conta da pandemia de covid-19.

O pe. Philippe declarou ao jornal francês Le Figaro a respeito do episódio inaceitável:

“A autoridade dentro da igreja é o padre. Além dos bombeiros, a polícia não pode entrar, a não ser que o sacerdote a chame!”

De fato, a legislação francesa proíbe que a polícia entre armada nos templos, a não ser em circunstâncias obviamente excepcionais como uma ameaça terrorista, por exemplo.

Consciente de não estar cometendo crime algum, o pe. Philippe decidiu, corretamente, continuar a Missa, mas a polícia ordenou que ele parasse. A chefe lhe deu voz de prisão. O acólito, que também é policial, tentou dialogar com os agentes, que só foram embora depois de 20 minutos e de exigirem a saída dos paroquianos que auxiliavam o celebrante. O pe. Philippe foi à delegacia e conversou com o delegado, que decidiu não o prender.

O sacerdote denuncia:

“Estão se aproveitando desta crise para sufocar novamente a liberdade de culto”.

O ato abusivo foi energicamente condenado por dom Michel Aupetit, arcebispo de Paris. Em declarações no dia 22 à Rádio Notre Dame, ele foi enfático:

“Os policiais entraram na igreja armados apesar da proibição formal de que a polícia entre assim num templo. Não havia terroristas. É necessário manter a cabeça fria. Um vizinho, evidentemente amável, como poderão imaginar, ligou para a polícia dizendo que ‘havia uma Missa clandestina’. Não é nada clandestina! Havia Missa porque a Missa se celebra todos os dias. Eu destaco que ainda tenho o direito a celebrar Missa com o mínimo de pessoas, para evitar desproporções. É preciso parar este circo! Eu mesmo celebro Missa todos os dias”.

Sobre o ocorrido, o Ministério do Interior francês respondeu a questionamentos de Le Figaro dizendo que os sacerdotes podem celebrar a portas fechadas e, se necessário, contar com a assistência de um número reduzido de pessoas. De fato, o governo francês não está exigindo o fechamento dos locais de culto durante a quarentena, mas sim que eles “não acolham reuniões de fiéis”. Por sua vez, ainda em 17 de março, a Conferência Episcopal Francesa recomendou que as Missas no país sejam celebradas sem a presença pública dos fiéis, mas não proibindo a participação de auxiliares, a portas fechadas.


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