Entenda como a esperança nos impulsiona a dar um passo a mais no crescimento espiritual e não nos deixa desanimar diante das tragédias
O isolamento social trouxe, para muitos, a oportunidade de uma auto-avaliação de comportamentos, de valores e principalmente um reafirmar da fé. Conscientizamo-nos de nossas fragilidades e finitude e que nada somos sem Deus e precisamos da presença de Jesus, o Senhor das Santas Chagas. A fé, a religião não são ópios, muito menos mecanismos de fuga, ao contrário: acredito que a fé é determinante para enfrentarmos e superarmos o que vem pela frente.
Ora, a fé, segundo o autor da Carta aos Hebreus, é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível. (Hb 11, 1-3).
Não sabemos como será nossa realidade pós pandemia, fala-se num “novo normal”, mas acredito que tem que ser a hora da mudança, de abandonarmos os velhos costumes, falo do comportamento individualista e consumista, refiro-me ao modo de pensar e de agir que atende apenas aos interesses do próprio indivíduo, sem se importar com as pessoas que estão em volta, o que fere gravemente os desígnios de Deus.
Tenho testemunhado que muitos já firmaram essa consciência, muitos se abriram ao próximo, muitos gestos de solidariedade e preocupação foram praticados – e esse é o legado que deve permanecer.
Não somos anjos, é verdade; ninguém vive de vento, todo mundo tem que comer, que se vestir, mas não precisamos fazer isso de maneira egoísta, acumulativa. A fé deve nos levar a viver de acordo com a Palavra de Deus, na solidariedade, na partilha, no amor.
Mesmo em tempos de incerteza, quando existe fé verdadeira, existe confiança e o sofrimento nos aproximam do Senhor, isso significa que não devemos concentrar nossa atenção somente nas dificuldades, e sim na presença de Jesus, que disse: “Neste mundo, vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16, 33).
A tribulação, o sofrimento e as aflições, se vividos na fé, tornam-se um caminho de santificação. A fé amadurece na tribulação, como disse o Papa Emérito Bento XVI: “a fé se torna verdadeira quando se assume a cruz e caminha com esperança no Senhor Jesus”.
A esperança é fruto da fé, mas é também o seu sustento. A nossa esperança tem sentido em Jesus, pois Ele é nossa esperança. Ninguém pode esperar de Deus a vida eterna, se antes não colocar sua confiança nas promessas de Jesus Cristo. Por isso, a esperança nos impulsiona a dar um passo a mais no crescimento espiritual e não nos deixa desanimar mesmo em meio as tragédias.
Nunca é demais reforçar que somente com a força do Senhor, por meio da fé em Deus, é possível permanecer firme nos momentos de crise. “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5, 4).
Sempre depois de uma tempestade vem a bonança. Tudo vai passar, mas é preciso um esperar ativo no Espírito Santo, confiante em Deus, e na presença de Jesus. Se assim nos mantivermos colheremos os frutos de uma fé provada e vitoriosa.
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