Muitos papas optaram por escapar do calor de Roma e descansar nos arredores da Cidade Eterna; Papa Francisco quebrou a tradição O verão é, por excelência, a temporada de viagens. E viajar durante o verão tem sido uma prática arraigada por muitos papas ao longo dos séculos. De Anagni a Castel Gandolfo, os papas deixaram uma marca profunda nos lugares que escolheram como suas residências de verão.
A cidade de Anagni, que fica em uma colina a 70 quilômetros de Roma, foi fundada na época do Império Romano e desenvolvida principalmente durante a Idade Média. Este foi o lugar que muitos imperadores escolheram para passar o verão e escapar do calor de Roma. Anagni ficou conhecida também como a “cidade dos papas” devido ao fato de quatro papas (Inocêncio III, Alexandre IV, Gregório IX e Bonifácio VIII) terem optado por passar parte de seus verões no local.
Hoje, a influência de papas e grandes figuras da Igreja Católica pode ser encontrada na arquitetura de Anagni e em sua culinária. O “palácio papal”, também conhecido como “palácio de Bonifácio VIII”, que serviu de refúgio para o papa, está aberto aos visitantes e abriga um museu homônimo. Um prato típico local feito de carnes de órgãos, galinha, cogumelos, vinho branco, vinho Marsala, sal, pimenta e caldo é chamado de “timballo di Bonifacio VIII”. O “pão papal”, típico do local, é feito de amêndoas, avelãs, pinhões, pimentões, canela, noz-moscada, laranja cristalizada, chocolate, mel e passas.
Castel Gandolfo
Com vista para o lago Alban, a cidade de Castel Gandolfo é provavelmente a mais famosa das residências papais de verão. Durante séculos, os papas deixavam Roma durante os dias mais quentes do ano para passar um tempo no palácio apostólico. O primeiro papa a escolher Castel Gandolfo como destino de verão foi Urbano VIII que, após sua eleição em 1623, ordenou a construção de uma residência próxima ao local das ruínas de uma villa que pertencera ao imperador Domicianius. O primeiro Papa que realmente se hospedou na residência foi Alexandre VII.
Durante séculos, diferentes papas fizeram alterações e restauraram a estrutura original construída por Urbano VIII. No século 18, Bento XIV encomendou novas decorações, enquanto Clemente XIV ampliou os jardins. Nos séculos 18 e 19, os papas Pio VII e Pio VIII ordenaram obras de restauração após os danos das tropas napoleônicas. Foi então usada como residência de verão pelo Papa Gregório XVI e Pio IX até que, em 1870, foi declarada como parte do nascente estado italiano. Foi apenas em 1929, com a criação do Estado do Vaticano, que a propriedade foi devolvida ao Vaticano, tornando-se mais uma vez o local das residências de verão dos papas.
O Papa Francisco quebrou a tradição de passar o verão na residência papal em Gandolfo, transformando a centenária residência em um museu aberto ao público. Em 2014, ele abriu os jardins para a visitação do público. E em outubro de 2016, vinte salas foram abertas para visitação pela primeira vez, incluindo um estúdio, uma biblioteca e uma capela. Como o Dr. Sandro Barbaglio, curador da seção histórica do Museu do Vaticano, explicou à CNN, a decisão poderá ser revertida por futuros papas. “É uma decisão permanente até que o pontífice queira que continue assim”, disse Barbaglio. Isso significa que um futuro papa pode decidir retomar a residência, tornando-a privada novamente.
Por enquanto, qualquer pessoa pode entrar na “residência de verão dos papas” simplesmente reservando um bilhete (10 euros) através do site dos Museus do Vaticano.
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