Situação do país, que já era muito difícil, é trágica após passagem de furacão em plena pandemiaNa semana passada, o furacão Laura chegou aos Estados Unidos previamente anunciado como “de proporções históricas” pelo potencial devastador, mas, felizmente, perdeu intensidade e foi “rebaixado” a tempestade tropical. Ainda assim, matou 6 pessoas no país, causou grandes estragos materiais e deixou 500 mil pessoas sem eletricidade.
Pouco antes, o fenômeno tinha matado pelo menos 25 pessoas na sua passagem pela ilha caribenha de São Domingos, na qual se situam dois países: o Haiti e a República Dominicana.
E é do Haiti, o país mais pobre das Américas, que vem um depoimento doloroso da irmã Maddalena Boschetti, missionária italiana que lá trabalha há vários anos.
Ela conta que as precárias estradas do país se transformaram em rios que chegaram a levar pessoas, várias delas ainda desaparecidas. Em Porto Príncipe, a capital sem sistema de esgoto e cheia de lixo amontoado ao ar livre, a passagem do furacão aumentou as já enormes dificuldades. Ao Vatican News, ela declarou:
“O Haiti já recomeçou com todas as suas dificuldades, mas com um povo resiliente e acostumado às catástrofes e ao renascimento. A gravidade da situação está ligada ao fato de que todos esses eventos caem sobre um país onde tudo está fora de controle. Existe uma terrível situação no que diz respeito à segurança, o governo não tem controle efetivo e a situação política e econômica está em ruínas. Há realidades no país que são inimagináveis para quem não vive aqui. Nas províncias as pessoas passam fome; na cidade, lutam com uma violência e insegurança diárias. Todos contra todos. Qualquer evento natural que aconteça em tal situação se torna devastador. Os pobres são sempre aqueles que sofrem, não só o que é inevitável porque faz parte da força da natureza, mas também o que deveria ser estável, já que seria tarefa do ser humano agir para o bem comum”.
A pandemia de covid-19 contribui para tornar as coisas ainda mais dramáticas:
“Os dados fornecidos oficialmente não são convincentes, têm lacunas. Mas aqui as aulas recomeçaram no dia 17 de agosto e já houve aumento nos contágios. As pessoas vivem sabendo que a sua vida está em perigo, não pela covid-19, mas pela fome, pelos tiros, pelas gangues, por qualquer coisa que possa acontecer durante o dia. Esta é a situação dos nossos pobres e do nosso povo no Haiti”.
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