O frei Peter Tabichi concorreu com 10 mil indicados de 179 países e ficou em primeiro lugarMelhor professor do mundo: um frade franciscano que merece ser lembrado!
Nesta semana, em 4 de outubro, a Igreja celebrou o grande São Francisco de Assis. Aliás, justamente nesse dia, recebemos uma notícia ao mesmo tempo triste e bonita: um franciscano brasileiro de 96 anos, frei Policarpo Berri, partiu desta vida em plena festa do seu fundador. E não só isto: Deus o chamou instantes antes que o frade celebrasse a Santa Missa!
Nesse contexto de “notícias franciscanas”, vale a pena recordarmos outra que, infelizmente, a “grande mídia” deixou passar quase em branco no ano passado. Trata-se do prêmio de “Melhor Professor do Mundo”. E quem o ganhou, em 2019, foi outro frade franciscano.
Melhor professor do mundo
O frei Peter Tabichi, do Quênia, recebeu o notável reconhecimento por causa do seu trabalho numa comunidade carente do país africano. Ele conseguiu, por exemplo, dobrar as matrículas na escola. Além disso, diminuiu drasticamente a evasão escolar, reduziu os casos de indisciplina de 30 para 3 por semana e ajudou 26 dos 59 alunos a ingressarem na universidade, apesar de todas as dificuldades.
O fato de influenciar positivamente a comunidade lhe rendeu, primeiramente, a indicação ao “Oscar da Educação”. Assim, ele concorreu com outros dez mil indicados de 179 países. E ficou em primeiro lugar! O frade ganhou o Global Teacher Prize 2019, da Fundação Varkey, entidade que promove a melhoria da educação para crianças carentes em todo o mundo.
A premiação aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além do troféu, o religioso franciscano recebeu 1 milhão de dólares. E, é claro, ele destinou o dinheiro a melhorar mais ainda as atividades educacionais.
“Viramos uma página por dia”
O frei Peter Tabichi declarou:
“Todos os dias, na África, viramos uma página e começamos um novo capítulo. E hoje é outro dia. Este prêmio, aliás, não é um reconhecimento a mim, mas sim aos jovens deste grande continente. Porque eu só estou aqui graças ao que meus alunos alcançaram.
Este prêmio dá a eles uma oportunidade. E diz ao mundo que tudo é possível. A África produzirá cientistas, engenheiros, empresários. E os nomes deles, um dia, serão conhecidos em todos os cantos do mundo”.
Desafios diários
O frade franciscano é professor de Ciências na Escola Secundária Keriko Mixed Day, que fica em uma área rural do Quênia. Mesmo antes da premiação, aliás, ele já doava 80% da sua renda mensal para ajudar aos alunos mais pobres a comprarem uniformes e materiais escolares.
Muitos desses estudantes percorrem mais de 6 quilômetros por dia para chegar à escola. Além disso, 95% dos alunos vêm de famílias pobres. E mais: quase um terço deles são órfãos ou só têm um dos pais. Muitos, ainda, sequer têm comida em casa.
As turmas escolares, ademais, deveriam ter entre 35 e 40 alunos. Mas chegam a ter 80. E os desafios iam além: como a escola tinha apenas um computador com precária conexão à internet, o frei Peter precisava ir até um café para baixar o material necessário às suas aulas.
Melhor professor do mundo, mas sempre franciscano
A cerimônia de premiação foi grandiosa. O primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos esteve presente. O apresentador foi o astro de cinema Hugh Jackman.
O frei Peter, no entanto, manteve a sua simplicidade e autenticidade. Ele fez questão, por exemplo, de usar o seu hábito da ordem franciscana. Essa veste tem um cordão de três nós, que simbolizam a pobreza, a castidade e a obediência.
Identidade, afinal, não se esconde, nem mesmo num mundo hostil à religião e, particularmente, ao catolicismo. Pelo contrário: o frei Peter fez tudo o que fez justamente por ser fiel e coerente com a sua identidade religiosa, católica, franciscana.
Em 2018, um brasileiro ficou entre os 10 indicados ao prêmio de melhor professor do mundo. Conheça a história dele:
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