Eles já chegaram a distribuir mais de 4 mil refeições por dia para beneficiados como moradores de rua, desempregados, imigrantes e refugiadosFranciscanos e 1 milhão de refeições: logo no início da pandemia de covid-19, o centro da cidade de São Paulo contou com a ajuda da Tenda Franciscana. Situada no Largo São Francisco, a iniciativa dos frades da capital paulista já distribuiu desde então mais de 4 mil refeições por dia para pessoas sem teto, desempregados, imigrantes e refugiados atendidos pelo Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade).
Diante da necessidade gritante, os frades ergueram uma segunda Tenda Franciscana, desta vez no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira, 27 de outubro, a iniciativa realizou a entrega da refeição número 1 milhão.
Números que assombram
Um ato simbólico já havia marcado em julho a entrega da refeição número 500.000, reunindo a equipe do Sefras, doadores, voluntários e representantes da Arquidiocese de São Paulo, da ordem franciscana e do poder público paulista. Na ocasião, em nome das pessoas beneficiadas, Laura Cruz declarou:
“Estou há dois anos na rua e sei como é importante esta alimentação todos os dias”.
Ainda em julho, o frei Gustavo Medella, vigário provincial dos franciscanos, afirmou:
“Mesmo diante do cenário desafiador, ainda existem muitos que revelam seus lados mais bonitos de solidariedade e empatia. Mas, ao mesmo tempo, se distribuímos tanta comida em tão pouco tempo, é sinal de que tem muita gente sendo privada desse direito básico que é o da alimentação. A nossa esperança é de que a mesma energia empreendida durante a emergência seja mantida para buscarmos juntos as transformações para sanar esforços como esses”.
O trabalho solidário dos franciscanos tem sido viabilizado por milhares de doadores e por mais de 500 voluntários que ajudaram a distribuir as toneladas de alimentos e milhares de cobertores e kits de higiene pessoal.
Franciscanos e 1 milhão de refeições
A entrega da marmita número 1 milhão foi o marco para o lançamento do relatório “A Fome Como Prato Principal”, mais uma iniciativa franciscana que retrata a realidade da fome nesta pandemia e propõe uma agenda pública para combatê-la.
O frei José Francisco de Cássia, diretor-presidente do Sefras, comenta:
“No início do isolamento, decidimos não fechar nossas portas para acolher, cuidar e defender aqueles que mais precisavam, como a população em situação de rua e de desemprego nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. E nos deparamos com o cenário dramático da fome, que veio antes da febre da Covid-19”.
Ele destaca, aliás, que a iniciativa emergencial de distribuição de marmitas nasceu em março justamente porque já se constatava desde os primeiros dias da pandemia uma grande alta na procura por alimentos: sinal de que a fome, de fato, já vinha de antes.
Além das duas tendas, uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro, o projeto franciscano envolve cinco cozinhas sociais e outros seis polos de distribuição de alimentos. A ação doou 22 mil cestas básicas e kits de higiene e proteção contra o coronavírus.
O frei José Francisco reforça que, para enfrentar as muitas necessidades das pessoas mais vulneráveis, o combate à fome é prioritário:
“A alimentação passa, então, a ser o eixo principal de atuação dos franciscanos do Sefras, em especial aos nossos públicos de atendimento: população em situação de rua, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e crianças de comunidades pobres e ocupações”.
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