A intervenção dos adultos é a chave para acabar com o círculo entre agressor, vítima e espectadoresO bullying (e também o cyberbullying) é uma realidade social que afeta especialmente os adolescentes, com consequências às vezes mortais, que chegam inclusive ao suicídio.
A Aleteia conversou com a pedagoga e pesquisadora italiana Maria Grazia Lombardi, da Università degli Studi de Salerno, sobre este tema.
Quais podem ser os recursos à disposição dos jovens para aprender a se defender destes atos de violência física e psicológica?
Existe um primeiro nível, que tem a ver com a educação para o diálogo. Os adolescentes precisam se acostumar a verbalizar o que sentem, especialmente quando sofrem intimidações ou situações que, de alguma maneira, colocam em risco sua socialização, sua esfera relacional; precisam ter a possibilidade de pedir ajuda.
E este processo deve começar desde que são pequenos, pois é preciso ensinar as crianças a comunicar-se, a expressar seu mundo interior, desde bem cedo.
Outro elemento é convidar os jovens a encontrar uma pessoa de referência, um adulto em quem confiam, alguém a quem informar e a quem poder pedir ajuda, talvez um professor ou amigo. É importante falar, conversar, contar, antes de que a situação saia do controle.
Vale a pena também trabalhar a autoestima dos adolescentes, e não deixar para fazer isso quando já são vítimas do bullying, porque trabalhar a autoestima é um processo longo, que exige anos.
O que a pessoa pode fazer quando percebe que está sendo objeto de bullying, tanto na vida real quanto na internet?
Em todos os casos, os jovens devem aprender a não ter medo de contar sobre seu mal-estar, de confiar nos centros e nos profissionais especializados, que trabalham neste campo. Além disso, é importante contar com a ajuda e envolvimento dos professores. Falar é a chave.
O que você aconselharia a um adolescente que se tornou objeto de bullying?
Que não se isole. A única maneira de acabar com o círculo do bullying (entre o agressor, a vítima e os espectadores) é introduzir um quarto elemento, um adulto, alguém de fora, que possa interromper esta espiral destrutiva.
Como a família, os amigos e a sociedade em geral deveriam reagir?
Os adolescentes, ainda que tenham dificuldade para falar, costumam dar sinais aos adultos: isolamento, fracasso escolar, falta de apetite, tristeza etc. O adulto deve estar alerta e tentar captar estes sinais do adolescente, incentivando-o a conversar, a sair da própria dor, para tentar instaurar uma aliança educativa.
E o que fazer para prevenir o bullying?
Convidemos nossos jovens a utilizar as redes sociais como instrumento de apoio para a socialização, e não para o bullying. No Facebook, por exemplo, podem aceitar como amigos somente as pessoas que conhecem, não compartilhar qualquer foto com todos, não expor toda a vida na internet, mas compartilhar apenas alguns aspectos – certamente, nunca os que são íntimos demais.
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