“Deus não me deu este dom. Quem o tem, explique-se. Eu também tenho que explicar o que eu digo”Dom das línguas não é para todos, explicou o pe. Zezinho mediante comentário em sua rede social. Ele declarou:
Quando vejo alguém falar em língua ou sons estranhos, eu apenas ouço. Ouço os tenros bebês ensaiando uma linguagem para se comunicar com sua mãe; e vejo crentes ensaiando uma conversa com Deus do jeito que eles aprenderam, ao ouvir outros companheiros de fé.
Alguém ensinou tais sons. Outros garantem que ninguém ensinou aquelas preces. Atribuem-nas ao Espírito Santo, segundo está na Bíblia. Mas, já naquele tempo, era coisa para pouquíssimos.
Eu, aos 79 anos, ainda não recebi esta graça. Deus me deu outros dons. Então não imito quem realmente diz que ganhou esta graça!
São Paulo dizia que o tinha, mas não o usava. Eu não uso e não tenho este dom. Respeito quem sobe a um púlpito e a um altar e leva seus seguidores a orar em línguas. A responsabilidade é dele.
Mas eu também sou responsável pelo que escrevo ou canto! Ninguém escapa do seu dom! Se brincar com ele, será uma faca de dois gumes. Vai ferir o povo e será ferido ao não saber usá-lo. Todo fogo tem que ser controlado, senão vai queimar quem brinca com ele. O dom das línguas é muito sério para se brincar com ele!
Se eu estiver naquela reunião, eu fecho os olhos e espero que terminem seus êxtases. Para mim é um momento de êxtase deles. Eu tenho outros momentos de meditação e de silêncio e ninguém sabe o que eu falo com Deus, até porque Jesus falava alto com o Pai e os apóstolos ouviam e entendiam!
Não cheguei a este ponto. Rezo quieto no meu canto e, na missa, sigo os textos oficiais da liturgia! Não crio missas! Deus me deu vários dons e todos eles exigem meu esforço, porque nenhum dom vem fácil ou continua fácil!
São bilhões os crentes que nunca falaram em sons estranhos ao conversar com Deus. Este dom sempre foi para poucos. Resta saber o que farão com estes sons. Eu peço ao Senhor Deus que me ensine o dom de cantar, escrever e dialogar com o povo dele. Fui chamado a ensinar o diálogo com os serenos e com os irados. Nem sempre consigo. Como não sei o que fazer com sons estranhos que fazem sentido em algumas assembleias, eu os ouço, mesmo não sabendo interpretar aquelas línguas.
Deus não me deu este dom. Quem o tem, explique-se. Eu também tenho que explicar o que eu digo e nem sempre nas redes sociais sou entendido; concluem o oposto do que eu acabei de escrever…
Afinal, deveria ser um serviço na evangelização. São Paulo sabia o que fazer com tais sons! Eu tento usar o que sei com o que falo e escrevo. Mas nem interpretar eu sei aqueles sons. Então eu me calo e oro do meu jeito sem emitir nenhum som! Há silêncios que também servem como oração! É que há muitas maneiras de orar e fazer catequese… Expliquei-me direito?
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