O diabo faz três propostas e Ele não responde com suas palavras, mas com três passagens da EscrituraNunca dialoguem com o diabo, exortou o Papa Francisco em sua alocução deste primeiro Domingo de Quaresma, logo antes da oração do Ângelus. Falando sobre o evangelho do dia, que relatou as tentações de Jesus no deserto, o Papa recordou que o deserto é um símbolo tanto do silêncio em que podemos ouvir a Deus quanto de um lugar de tentação apresentada pelo diabo. Foi nesse contexto que Francisco enfatizou: com o diabo, “não há diálogo possível”.
Simbolismo do deserto
Evocando o Evangelho de São Marcos (1,12-15), o Papa falou do caminho que Jesus percorreu quando “o Espírito o levou para o deserto”, onde Ele se retirou durante 40 dias e “foi tentado por Satanás”. Francisco disse:
“O deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem e onde brota a resposta da oração, ou seja, o deserto da solidão, o coração separado de outras coisas. E, naquela solidão, ele se abre à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da provação e da tentação, onde o tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, uma alternativa à voz de Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, um outro caminho de engano. O tentador seduz”.
Aparente derrota de Jesus
O duelo entre Jesus e o diabo no deserto simboliza todo o ministério de Cristo, que é uma luta contra o maligno e suas manifestações: doenças, possessões, pecados; contra elas, Jesus traz cura, exorcismo, perdão. Chega a parecer que o diabo tem a vantagem e que o Filho de Deus é rejeitado e condenado à morte. Mas a morte era o último “deserto” a ser atravessado para derrotar o diabo definitivamente e libertar cada um de nós do seu poder.
Francisco explica:
“Este Evangelho das tentações de Jesus no deserto nos lembra que a vida do cristão, nos passos do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal. Precisamos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e nos prepararmos para nos defender dele e combatê-lo”.
Nunca dialoguem com o diabo, exortou o Papa Francisco
O Papa reforça:
“Nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo. Nunca. Na sua vida, Jesus nunca fez um diálogo com o diabo. Nunca. Ou o afasta dos possuídos, ou o condena, ou mostra a sua malícia, mas nunca um diálogo. E, no deserto, parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as palavras dele: responde com três passagens da Escritura. E isso é para todos nós. Quando o sedutor se aproxima, ele começa a nos seduzir: ‘Pense isto, faça aquilo’… A tentação é de dialogar com ele, como fez Eva. Eva disse: ‘Mas não podemos, porque nós’… E entrou em diálogo. E se nós entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Coloque isso na cabeça e no coração: com o diabo nunca se dialoga, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus”.
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