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Sudão do Sul: futuro bispo sofre atentado a um mês de sua ordenação

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Reportagem local - publicado em 27/04/21
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D. Christian Carlassare, 43 anos, teria sido atacado com o intuito de assustá-lo para que não se ordene bispo

A menos de um mês da sua ordenação episcopal à frente da Diocese de Rumbek, o missionário comboniano D. Christian Carlassare, de 43 anos de idade, foi ferido a tiro na noite de domingo, dia 25, para segunda-feira. Baleado pelo menos três vezes nas pernas, e apesar de ter perdido muito sangue, não está em risco de morte. 

Segundo a agência de notícias Fides, terá sito também espancado, o que, segundo “os primeiros relatos”, aponta no sentido de que “o ataque foi aparentemente planejado” com o intuito de o assustar “para não ser consagrado bispo”, cerimónia que está agendada para 23 de Maio, Domingo de Pentecostes.

Segundo relataram entretanto os superiores da congregação, o próprio missionário italiano telefonou a informar que estava estável e pediu as orações de todos “para o povo de Rumbek que está a sofrer mais do que eu”.

Kinga Schierstaedt, responsável pelos projectos da Fundação AIS para este país africano, explica que o Sudão do Sul é um país “cada vez mais vulnerável” ao fim de anos de conflito armado. 

Sinal disso, explica esta responsável, nos pedidos que a Igreja local faz chegar aos escritórios centrais da AIS é referido que as populações “sofrem de insegurança alimentar e epidemias, não só o coronavírus mas também de cólera”. 

O Sudão do Sul, explica Schierstaedt, “enfrenta desafios intransponíveis atribuídos a conflitos civis, catástrofes naturais recorrentes, como inundações e colapso económico”. “Presentemente – acrescenta – vive-se a estação das chuvas, as inundações e [as pragas de] gafanhotos pioraram ainda mais as condições de vida de milhões de sul-sudaneses.”

Os motivos do ataque ao missionário italiano ainda estão a ser investigados, mas a animosidade entre os nuer e os dinka – as duas principais etnias – que tem estado na base dos conflitos neste país, pode ser uma das possíveis razões para o ataque. Na região de Rumbek predomina o povo dinka mas o novo bispo desta diocese tem estado envolvido desde há alguns anos, essencialmente em projectos de evangelização ligados à etnia rival.

No entanto, como recorda Kinga Schierstaedt, a Igreja tem desempenhado um papel importante na coesão do tecido social do Sudão do Sul. “Apesar dos desafios, a Igreja tem sido proactiva em estabelecer pontes entre grupos étnicos, promovendo o desenvolvimento socioeconómico e prestando assistência humanitária à população que sofre”. 

A nomeação do missionário italiano, diz ainda a responsável de projectos da Fundação AIS, “trouxe muita esperança à diocese”. “Os sacerdotes, religiosos e leigos de Rumbek têm muitos sonhos e planos. Temos de os apoiar [agora] mais do que nunca para não se sentirem sozinhos…”

(Departamento de Informação da Fundação AIS)