Frase de um paciente: “Eu sou tão ele(a), que sinto falta de mim mesmo(a).”
Me peguei pensando no quão importante é estarmos preparados para receber o outro dentro da gente. E quando digo preparados para recebê-lo, me refiro a preparar o nosso jardim. Temos os costume de correr atrás das borboletas para preencher um vazio que só pode ser preenchido por você mesmo(a) e por Deus.
Diante deste processo de buscar por borboletas que preencham completamente o nosso coração, nos esquecemos de nós. Para ter a presença do outro, abrimos mão de valores que são inegociáveis para nós. Permitimos que o outro entre em nós e crie as regras. Regras de como amar, de como mantê-lo por perto e até mesmo de como não perdê-lo – pois, de alguma forma, acreditamos que nossa vida não funcionará sem ele(a).
Perder-se e sentir falta de si mesmo(a)
Quando não temos um jardim preparado, o outro já chega em nossa vida nos trazendo o medo de perdê-lo. Sabe por quê? Porque quando corremos atrás das borboletas qualquer borboleta que aceitar sentar em nosso coração será aceita. E será aceita sem critérios, sem amor e até mesmo sem merecer. Neste processo de correr em voltas, queremos tanto acabar com o vazio de dentro do peito, que achamos, de forma errônea que tudo que chega até nós é para nós.
E por isso, passamos a aceitar pouco e nos conformar com aquilo que, definitivamente, não merecemos.
Quando isso acontece, arrisco dizer que nos perdemos de nós mesmos, ao ponto de dizer: “Eu sou tão ele(a), que sinto falta de mim mesmo(a).”
Cultivando o próprio jardim
Portanto, arrume, plante flores e cuide do seu jardim. Cuide de você! Para que, quando as borboletas – inclusive aquela que sentará em seu coração – voarem sobre o seu jardim, encontrem um jardim cuidado, cultivado e colorido.
Se o seu jardim estiver assim, as borboletas – inclusive aquela que você tanto espera que pouse em seu coração – pousará dentro de você por escolha própria e te transbordará.
Porque quando transborda, você não se perde de si mesmo(a) pelo outro.
