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Freira ajoelhada diante dos soldados: senti a ação do Espírito Santo

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I. Media - publicado em 18/05/21
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A freira birmanesa Ann Rose Na Tawng conta o que a levou a se ajoelhar diante de soldados armados duas vezes, em fevereiro e março de 2021

"Eu não preparei nada. Eu estava trabalhando e ouvi os militares se aproximando da multidão que protestava. Eu só queria protegê-los", disse a Ir. Ann Rose Na Tawng, durante uma videoconferência organizada no Vaticano para apresentar seu livro intitulado Uccidete me, non la gente (Matem-me, não as pessoas, em italiano).

"Eu me ajoelhei para que os jovens pudessem escapar daquele perigo". A foto dessa freira ajoelhada e com os braços abertos diante de soldados rodou o mundo. "Não queremos matar ninguém, mas apenas assustá-los, nós apenas temos de seguir as ordens", gritaram os militares", lembra.

Irmã Rose disse que percebeu o risco que sua atitude representava, mas não pensou nem um pouco sobre sua própria vida: "Eu gritei: matem-me, não as pessoas'". "Não tenho explicação", afirmou ela, "na noite seguinte, pensei nisso novamente e fiquei surpresa por ainda estar viva.

A religiosa birmanesa afirma ter se sentido "sob a ação do Espírito Santo": "Deus me usou para salvar o povo. A oração é fundamental para a minha vida, tirei minha força dela para ajudar as pessoas e agir daquela forma".

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Desde então, ela só deixa seu convento para ir ao hospital adjacente, onde trabalha. Irmã Rose acha que sua vida ainda está ameaçada. "A polícia vem regularmente verificar meus papéis, tirar fotos, fazer perguntas", diz ela.

A religiosa aproveitou a oportunidade para agradecer ao Papa Francisco por sua disponibilidade ao serviço da comunidade birmanesa de Roma.

O Papa, de fato, rezou especialmente na intenção do povo birmanês no dia 16 de maio. "Estou muito orgulhosa", disse ela. "Se eu tiver a oportunidade de falar com ele, pedirei que peça aos chefes de Estado do mundo para se conscientizarem sobre a situação dramática no país, à medida que a violência continua. O Papa Francisco é uma figura mundial e suas palavras valem ouro. Se ele falar, todas as nações olharão para nós."

Os jovens continuam os protestos na Birmânia – diz ela – enquanto a repressão continua no mesmo ritmo. Policiais à paisana continuam a atirar na multidão e prender manifestantes. De acordo com a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos (AAPP), desde o golpe de Estado de 1o de fevereiro, 3.000 pessoas foram presas e outras 800 morreram.