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Bispo que enfrentou a ditadura de Cuba morre aos 90 anos

Dom José Siro González, bispo em Cuba
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Francisco Vêneto - publicado em 21/07/21
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A Igreja foi a instituição que mais se ocupou de fato em ajudar os pobres e doentes na ilha, afirmava ele

Bispo que enfrentou a ditadura de Cuba, dom José Siro González Bacallao, emérito de Pinar del Rio, faleceu nesta segunda-feira, 19 de julho, aos 90 anos. Ele estava retirado no povoado de Mântua, "extremo mais ocidental de Pinar del Río, onde morou em sua amada granja São José até o final da vida", conforme o comunicado da própria diocese.

Dom José nasceu de uma família muito pobre de Candelaria, na província cubana de Artemisa, em 9 de dezembro de 1930 e, aos 12 anos, declarou a seu pároco o desejo de ser frade franciscano. Estudou no seminário de São Carlos e Santo Ambrósio e depois no do Bom Pastor, sendo ordenado padre em 28 de fevereiro de 1945.

Ao tomar o poder na ilha em 1959, o ditador comunista Fidel Castro começou a perseguir a Igreja, expulsando sacerdotes, fechando escolas e universidades católicas e proibindo a abertura de novas igrejas. Nesse contexto de grande carência de clérigos para atender o povo, o pe. José assumiu os cuidados pastorais de um grande território.

De 1966 a 1973, ele trabalhou no campo de segunda a sexta-feira, cultivando arroz, feijão e tabaco, e, aos fins de semana, se dedicava às poucas atividades pastorais que eram possíveis sob as estritas limitações impostas pelo regime ateu e antidemocrático de Fidel Castro.

O Papa São João Paulo II nomeou o pe. José como bispo de Pinar del Rio em 30 de março de 1982. Ele foi consagrado em 16 de maio do mesmo ano. Como bispo, teve a graça de receber a histórica visita do próprio João Paulo II a Cuba em janeiro de 1998.

Em setembro de 2006, dom José criticou o regime comunista cubano pela perseguição à Igreja e denunciou claramente que não havia liberdade religiosa na ilha, embora o governo alegasse que existia "liberdade de culto". O bispo já era uma voz crítica do regime fazia anos.

Para ele, apesar das pesadas restrições, a Igreja Católica cresceu em prestígio entre a população cubana porque foi a instituição que mais se ocupou de fato em ajudar os pobres e os doentes, "uma caridade que fica muito explícita para as pessoas".

Dom José Siro González Bacallao apresentou sua renúncia como bispo titular de Pinar del Río ao chegar à idade prevista no direito canônico. A renúncia foi aprovada em novembro de 2006 pelo Papa Bento XVI.

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