Ultrapasse os seus limites, supere os seus medos, supere os seus bloqueios... Seja na vida pessoal ou na profissional. Você tem que ousar, deixar o medo de lado e constantemente se superar. O limite? Bem, "o céu é o limite”.
De fato, frases como essas que você leu acima são comuns no mundo dos negócios, nos nossos círculos de amizade e até nas redes sociais.
Disponibilidade, capacidade de resposta, versatilidade, sociabilidade, eficiência… Mas empurrar os cursores ao máximo em todas as áreas é o exemplo que o chefe de uma empresa ou o gestor deve mostrar? E para que serve a gestão?
A teóloga francesa Fabienne Alamelou-Michaille, autora do livro Manager avec son âme ("Gerente com alma"), nos convida a rever a noção que temos de gestão, levando em conta a dimensão espiritual que reside em cada um de nós.
Entre os muitos conselhos, ela identifica três motivos que levam o líder a reconhecer o limite e a aceitar a fragilidade.
Para ela, negar o limite é contraproducente. É confortável para o proprietário ou gerente de uma empresa parecer sólido, não mostrar fraquezas ou dúvidas. Mas negar o que nos torna humanos nos leva a caminhos íngremes. Gera relacionamentos contaminados com mentiras, para que apareçam e entrem no ciclo vicioso da violência em todas as suas formas.
Aceitar os limites é, portanto, libertador. O contrário traz à tona tensões psíquicas. “Na maioria das vezes, líderes que preferem não mostrar suas falhas por acharem que isso não é aceitável para seus parceiros sofrem grande solidão e impõem-se fortes constrangimentos que, a longo prazo, são prejudiciais para eles”, explica Fabienne.
Descobrir-se incompleto faz o indivíduo abrir-se para o trabalho colaborativo e reconhecer a contribuição do outro. Podemos pensar da seguinte forma: fragilidade e limites levam ao relacionamento e à cooperação.
De fato, o líder que sabe que é vulnerável aceita a noção de falta. Mas a falta abre a alteridade! Por outro lado, o excesso de autoconfiança limita a capacidade do gerente de aceitar feedbacks, comentários e avaliações de outros, como explica a autora. "Eles podem levar a sentimentos de onipotência e envolver os líderes em planos irracionais", esclarece Fabienne.
Ao contrário da imagem que gostamos de ter, os limites (e sua aceitação) devem ser vistos como uma oportunidade, uma abertura à colaboração. “Não é um ponto negativo, mas um ponto positivo: mais relacionamento, mais conexão", alerta a autora.
Enfim, descobrir-nos perfectíveis nos torna abertos ao progresso e permite o progresso de todos. “Fragilidade e fracasso são fontes de emergência do radicalmente novo”, indica a autora do livro.
Portanto, se bem compreendida, aceita e apoiada, a experiência da fragilidade é um tremendo trampolim para se revelar e progredir…Em toda a humanidade.