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Papa: na Igreja ninguém deve se sentir estranho nem marginalizado

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TIZIANA FABI | AFP

Reportagem local - publicado em 14/09/21

"Colocar as pessoas em guetos não resolve nada. Quando se cultiva o fechamento, mais cedo ou mais tarde acaba por explodir a raiva"

O Papa Francisco afirmou hoje que na Igreja ninguém deve se sentir estranho nem marginalizado.

“E não se trata apenas dum modo de dizer, mas é o modo de ser da Igreja”, disse, em sua saudação à comunidade cigana na Eslováquia.

Pois ser Igreja é viver como convocado por Deus, sentir-se eleito na vida, fazer parte da mesma equipe. É assim que Deus nos quer: cada um diverso, mas todos unidos em redor d’Ele. O Senhor vê-nos todos juntos.

Deus nos vê como filhos: tem olhar de Pai, olhar de predileção por cada um dos filhos.

Se acolher este olhar sobre mim, aprendo a ver justamente os outros: descubro que tenho ao meu lado outros filhos de Deus e reconheço-os como irmãos. A Igreja é isto: uma família de irmãos e irmãs com o mesmo Pai, que nos deu Jesus como irmão para compreendermos quanto ame, Ele, a fraternidade. E deseja que a humanidade inteira se torne uma família universal. Vós nutris um grande amor pela família, e olhais a Igreja a partir desta experiência. Sim, a Igreja é casa, é casa vossa. Por isso – digo-vo-lo do coração – sede bem-vindos! Senti-vos sempre de casa na Igreja e nunca tenhais medo de habitar nela. Que ninguém vos afaste, a vós ou a qualquer outra pessoa, da Igreja.

Não julgar

O Papa Francisco comentou em seguida as palavras de Cristo no Evangelho de Mateus (7, 1): “não julgueis”.

Não julgueis: diz-nos Cristo. E todavia quantas vezes não só falamos sem provas ou por ouvir dizer, mas consideramos também ter razão quando somos juízes implacáveis dos outros. Indulgentes conosco mesmos, inflexíveis com os outros. Quantas vezes os juízos não passam realmente de preconceitos, quantas vezes adjetivamos! Deste modo desfiguramos com as palavras a beleza dos filhos de Deus, que são nossos irmãos. Não se pode reduzir a realidade do outro aos próprios modelos pré-concebidos, não se podem rotular as pessoas. Antes de mais nada, para conhecê-los verdadeiramente, é preciso reconhecê-los: reconhecer que cada um traz em si a beleza incancelável de filho de Deus, no qual se espelha o Criador.

Preconceito

O Papa afirmou que muitas vezes os ciganos foram “objeto de preconceitos e juízos cruéis, estereótipos discriminatórios, palavras e gestos difamatórios”.

Com isso, todos ficamos mais pobres, pobres em humanidade. O que precisamos para recuperar a dignidade é passar dos preconceitos ao diálogo, dos fechamentos à integração.

Mas como fazer? – questionou o Papa, que deu as seguintes orientações.

Onde se presta atenção à pessoa, onde existe trabalho pastoral, onde há paciência e ações concretas, aparecem os frutos. Não imediatamente, pois requer-se tempo, mas eles aparecem. Juízos e preconceitos só aumentam as distâncias. Contrastes e palavras duras não ajudam. Colocar as pessoas em guetos não resolve nada. Quando se cultiva o fechamento, mais cedo ou mais tarde acaba por explodir a raiva. O caminho para uma convivência pacífica é a integração. É um processo orgânico, um processo lento e vital, que começa com o conhecimento mútuo, prossegue com a paciência e estende o olhar para o futuro.

Futuro

E a quem pertence o futuro? – perguntou em seguida o Papa.

Às crianças. São elas que nos orientam: os seus grandes sonhos não podem esfacelar-se contra as nossas barreiras. Querem crescer juntas com os outros, sem obstáculos, sem restrições. Merecem uma vida integrada, uma vida livre. São elas que motivam opções clarividentes; não buscam o consenso imediato, mas olham para o futuro de todos. Pelos filhos, tomam-se decisões corajosas: pela sua dignidade, pela sua educação, para crescerem bem enraizados nas suas origens, sem ao mesmo tempo lhes ser vedada qualquer possibilidade.

O Papa encerrou sua saudação agradecendo a todos que realizam “este trabalho de integração que, além de exigir não pouca fadiga, por vezes é objeto também de incompreensão e ingratidão, porventura mesmo da Igreja”.

Não tenhais medo de sair ao encontro de quem está marginalizado. Dar-vos-eis conta de sair ao encontro de Jesus. Ele espera-vos onde há fragilidade, não comodidade; onde há serviço, não poder; onde é preciso encarnar-se, não louvar-se. Aí é onde Ele está.

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