O fundador da Amazon, Jeff Bezos, está financiando um projeto que busca a imortalidade humana mediante reprogramação biológica para rejuvenescer as células do corpo. As informações são da Altos Labs, a empresa focada em pesquisas antienvelhecimento que conta com Bezos entre seus investidores.
Dom José Ignacio Munilla, bispo de San Sebastián, na Espanha, comentou os lados positivos e negativos deste projeto.
Em declarações à agência de notícias ACI Prensa, o prelado observou que "a possibilidade de um tratamento que rejuvenesça as células humanas não tem, em si mesma, nada contra os princípios morais cristãos". Já existem, aliás, outros tratamentos voltados a "retardar a deterioração própria do envelhecimento".
No entanto, o projeto de Bezos inclui meios cuja moralidade é questionável.
"Os poucos dados que conhecemos sobre o novo projeto de Jeff Bezos, infelizmente, preocupam quanto aos métodos que são utilizados. Um dos cientistas contratados, o espanhol Juan Carlos Izpisúa, desenvolveu pesquisas polêmicas na China, gerando embriões a partir da mescla de células do macaco e do ser humano".
Para dom Munilla, a busca de uma suposta imortalidade humana dentro da dimensão material da nossa existência requer uma reflexão sobre "a crise do sentido existencial no nosso tempo". Ele comenta:
"O materialismo e o consumismo geram um protótipo do homem triunfador, bonito, jovem, de boa aparência e rico, muito rico".
Esse mesmo materialismo, porém, costuma vir atrelado a um profundo "vazio existencial" que não pode ser compensado nem "com todo o dinheiro do mundo".
O bispo coloca o afã pela imortalidade humana no contexto da parábola do pobre Lázaro:
"O Evangelho é luminoso para todos os tempos e culturas, quando afirma: 'Insensato! Nesta mesma noite virão exigir a tua alma. E as coisas que juntaste, de quem serão?'. Sonhamos irracionalmente com a imortalidade e esquecemos que somos chamados a participar da vida eterna de Deus! Pode haver algo mais equivocado que perder a vida eterna que Deus oferece enquanto se sonha com a imortalidade a qualquer preço?".