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Abusos sexuais na Igreja: como persistir na fé, apesar dos escândalos

PRAYING
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Reportagem local - publicado em 06/10/21
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Todos nós teríamos que sair da Igreja, caso ela fosse uma comunidade apenas dos que merecem o prêmio da perfeição

O relatório que revelou os escandalosos casos de abuso sexual na Igreja da França cometidos por clérigos ao longo de 70 anos voltou a deixar muitos católicos revoltados. Mais do que isso: a decepção com a prática abusiva de alguns clérigos acaba por provocar uma certa crise de fé. Isso porque tendemos a acreditar na Igreja e em seus membros como entidades santas, infalíveis.

Entretanto, é em situações como esta que devemos nos lembrar que "a Igreja só é santa porque é de Cristo, não nossa".

Em artigo publicado pela Aleteia em 2018, o professor Miguel Pastorino, que é especialista em ecumenismo e história das religiões, explicou: afirmar que a Igreja é santa não significa afirmar que todos os seus membros são santos.

O autor enfatizou que Joseph Ratzinger já alertou que o sonho de uma igreja imaculada renasce em todas as épocas. Além disso, para o Papa Emérito as mais duras críticas à Igreja têm origem neste sonho irreal:

Pastorino destaca ainda que a ideia de que a Igreja não se mistura com o pecado é um pensamento simplista e irreal. Neste sentido, o autor reproduz outro pensamento importante de Ratzinger acerca da incapacidade de Cristo de destruir os pecadores:

Para Ratzinger, portanto, a imagem da justaposição entre a santidade de Cristo e a infidelidade humana é a dramática figura da graça neste mundo, pela qual se faz visível o amor gratuito e incondicional de Deus, que tanto ontem quanto hoje se senta para comer na mesa dos pecadores.

Outra reflexão que o artigo provoca é a seguinte:

Os casos de abuso sexuais na Igreja da França nos fazem lembrar de uma importante declaração de uma leiga.

Em 2018, Nikki Haley, então embaixadora dos Estados Unidos junto à ONU, referiu-se aos escândalos de abusos sexuais cometidos por padres em seu país. Disse ela, de forma sábia, que seria “trágico” se os escândalos de abusos cegassem o mundo “diante das surpreendentes boas obras que a Igreja Católica realiza todos os dias”.

As boas obras, continuou ela, são “milagres que constituem o caminho da Igreja”, que faz um “trabalho incrível” para ajudar “milhões de pessoas desesperadas” em todo o planeta.

É nisso que devemos arraigar a nossa fé!