Como podemos ajudar um ente querido no estágio final de sua vida? Como podemos acompanhá-lo durante seus últimos dias?
“Embora seja impossível se colocar no lugar da pessoa, sabemos que um dos maiores medos de quem está morrendo é estar sozinho no momento definitivo. Para alguém no final da vida, toda segurança se esvai. A pessoa não pode mais confiar em seus talentos, em sua experiência nem em sua conta bancária. Essa solidão real causa um último sentimento de angústia”, diz o padre Paul Denizot, reitor do Santuário Nossa Senhora de Montligeon (França), um centro de oração pelos falecidos, que traz conforto às pessoas de luto ou sofrendo.
O que podemos dizer a um ente querido que está vivendo os últimos dias de sua vida? Aqui estão 7 orientações sobre como ser verdadeiro e amoroso nesta circunstância difícil.
1. NÃO FINJA QUE NADA ESTÁ ACONTECENDO
É muito importante não fingir que está tudo bem, ou seja, ficar dizendo à pessoa coisas como: "vai dar tudo certo", "tenho certeza que você vai melhorar" etc. Se a morte realmente está no horizonte, receber uma linguagem falsa pode ser muito difícil para a pessoa que está morrendo.
Na maioria das vezes, mesmo que possam ver que seus entes queridos estão evitando o assunto, eles não se sentem fortes o suficiente para quebrar o tabu. Se você acha que seu ente querido está pronto para falar sobre a morte, não tenha medo de iniciar essa conversa a sério, enquanto ainda há tempo para falar sobre as questões importantes.
2. COLOQUE SUA PRÓPRIA TRISTEZA EM SEGUNDO PLANO
Às vezes, os entes queridos podem ficar tão desesperados que chegam a gritar para a pessoa que está morrendo: "você não pode morrer" ou "preciso que você viva!" Esse tipo de situação é muito dramática para a pessoa no final da vida.
Quando o momento da morte se aproxima, os sentimentos do acompanhante e dos familiares devem ficar em segundo plano. Ajudar quem está enfrentando a proximidade da morte significa acompanhá-lo com amor e ternura, bem como com muita calma e o máximo de paz interior possível.
3. ESTEJA PRESENTE, COMO MARIA
A doença nos desestabiliza e às vezes não temos palavras de conforto. Neste caso, o reitor do santuário de Montligeon nos aconselha a simplesmente estar presente e a dar à pessoa doente a possibilidade de falar sobre suas angústias e esperanças:
4. PERGUNTE GENTILMENTE: “COMO VOCÊ ESTÁ SE SENTINDO?"
Ao acompanhar uma pessoa no final da vida, é essencial ouvi-la com a máxima delicadeza. Para surpresa de seus entes queridos, alguns pacientes abrem seu coração. Então, de repente, encontramo-nos conversando com eles com uma sinceridade que pode nos surpreender.
Neste caso, a pergunta: “como você está se sentindo?” pode ser libertadora: permite que o paciente fale de coração a coração com aqueles ao seu redor.
Por outro lado, às vezes isso é impossível. Se este for o caso, você não deve pressionar seu ente querido, mesmo que você sinta a necessidade de falar sobre essas coisas.
5. FALE SOBRE A FAMÍLIA
Se a pessoa no leito de morte romper o silêncio e isso ocasionar uma conversa de coração a coração, não hesite em falar sobre a família dela, para quem a proximidade da morte muitas vezes será uma provação terrível. Quando a pessoa à beira da morte pensar sobre a tristeza de seu cônjuge e filhos, seu próprio medo da morte ficará em segundo plano. A pessoa doente se tornará mais uma vez um cônjuge ou um pai/mãe que pensa nos outros e não apenas em sua própria morte.
“Às vezes, grandes milagres acontecem no último momento da vida”, diz o padre Paul Denizot. Como sacerdote, ele tem o hábito de fazer uma pergunta a quem ele acompanha na etapa final da vida: “existem coisas com as quais você ainda não está em paz?”
Em particular, ele se lembra de um homem que lhe pediu para ajudá-lo a colocar sua vida em ordem. Este homem, que era divorciado e havia abandonado a Igreja havia 40 anos, expressou um forte desejo, antes de morrer, de pedir perdão à esposa e aos filhos.
6. LEIA OS SALMOS
Se a pessoa no final da vida não estiver demonstrando abertura ou não quiser conversar, você pode sugerir (sempre com grande sensibilidade) a leitura de um salmo ao lado dela.
“Os salmos têm grande força porque expressam emoções humanas e as confiam a Deus. Assim, eles acabam representando nossos sofrimentos diante da morte”, explica o reitor de Montligeon.
7. DIGA “EU TE AMO”
Para os católicos, há muitas orações (como o Terço ou ladainhas à Virgem Maria e aos santos) e sacramentos (confissão, comunhão, unção dos enfermos), bem como bênçãos que podem ajudar quem está no leito de morte. Se a pessoa no final da vida não é católica, podemos simplesmente dizer-lhe: "Eu te amo".
Podemos até simplesmente dizer isso em nossos pensamentos, olhando para a pessoa, segurando sua mão ou acariciando seu rosto. Diante da morte, o que mais importa é que a pessoa se sinta amada.