Antes de aprender a rezar é preciso compreender o que é a oração, e qual é o sentido dela. A oração nada mais é que uma relação de amor, que um diálogo humilde com Deus. Ela é, segundo Santa Teresinha do Menino Jesus “Um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”.
O fundamento da oração é a humildade uma vez que “Não sabemos o que pedir” (Rm 8,26). O orante não pode perder jamais o senso de piedade, ele deve se dirigir a Deus dizendo: "Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim. Ao contrário, mantenho em calma e sossego a minha alma, tal como uma criança no seio materno, assim está minha alma em mim mesmo" (Salmo 131,1-2). Na certeza de que: “A oração do humilde penetra as nuvens; e ele não se consolará, enquanto ela não chegar a Deus, e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos” (Eclesiástico 35,21).
A finalidade da oração
A finalidade da oração não é outra se não aquela de nos unir a Cristo. A oração é muito mais que um proferimento de palavras, ela é antes e acima de tudo, um encontro com a Pessoa de Cristo. Ele por primeiro deseja nos encontrar “Ele antecipa-se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido brota das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele” (CIC 2560).
Os combates da oração
Não existe oração sem combate. Quer sejam os combates humanos, quer sejam os combates espirituais “Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares” (Efésios 6,12).
Aqui se poderia falar de três combates da vida de oração: Barulho, distração e imediatismo. O mundo de hoje é permeado pelo barulho e é averso ao silêncio. O silêncio é fundamental para a vida de oração. A distração é uma consequência do barulho, mas não só do barulho ruidoso, mas também de um outro tipo de barulho que nos passa despercebido, e por mais paradoxal que pareça, pode ser chamado de barulho do silêncio, ou seja, aquele barulho das infinitas informações visuais que recebemos.
Por último, se pode falar então do combate do imediatismo. A sociedade de hoje é conduzida pelo princípio do “amanhã já é tarde”, do “tudo tem que ser para ontem”, e a consequência disso é a ansiedade.
A ansiedade é um grande perigo para a vida de oração, pois quem reza com ansiedade, tende a querer submeter Deus ao seu tempo, tende a querer fazer mais a sua própria vontade do que a vontade de Deus.
Expressões da oração
O Catecismo da Igreja nos apresenta três expressões da oração, ou seja, as três formas de rezar.
A primeira é a oração vocal que é “Uma necessidade humana de associar os sentidos à oração interior e que corresponde a uma exigência da natureza humana. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível” (CIC 2702).
A segunda expressão da oração é a meditação. A meditação é antes de tudo uma busca, é através dela que o espírito procura uma compreensão das razões da vida cristã para aderir aquilo que o Senhor lhe pede. A meditação, diz o Catecismo: “Exige uma atenção difícil de disciplinar. Habitualmente, recorre-se à ajuda de um livro como as Sagradas Escrituras, os ícones e imagens sagradas, ou algum escrito espiritual” (CIC 2705).
Por fim, vem a terceira expressão da oração que é a contemplação que segundo Santa Teresa de Jesus, nada mais é que uma forma de nos relacionarmos amigavelmente com Jesus. A contemplação é procurar “Aquele que o coração ama (Ct 1, 7) que é Jesus, e n'Ele o Pai. Ele é procurado, porque desejá-Lo é sempre o princípio do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer d'Ele e viver n'Ele. Nesta modalidade de oração pode, ainda, meditar-se; todavia, o olhar vai todo para o Senhor” (CIC 2709).
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João Paulo Medeiros, seminarista responsável Horeb, pelo Hozana