Bandos terroristas islâmicos aumentaram os raptos de crianças e mulheres em Moçambique, denunciou a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). De acordo com o testemunho de um missionário à entidade, as crianças sequestradas são forçadas a servir militarmente os bandidos e a tornar-se terroristas como eles.
O fenômeno se estende pela província de Cabo Delgado, que começou a ser tomada pelo terrorismo em 2017. A violência na região já deixou mais de 3 mil mortos e provocou a fuga de mais de 850 mil cidadãos.
Uma religiosa cujo anonimato foi respeitado confirmou à fundação pontifícia, no início de fevereiro, que vem sendo perpetrado na região "o rapto sistemático de pessoas que se encontram nas aldeias, principalmente mulheres e mães com suas próprias crianças".
De acordo com a agência Gaudium Press, abundam relatos semelhantes sobre sequestros como o de sete crianças, em fevereiro, que provavelmente foram forçadas a lutar como membros dos grupos terroristas islâmicos.
O frei Boaventura, do Instituto da Fraternidade dos Pobres de Jesus, também afirmou que os terroristas que invadem as aldeias da região "levam as mulheres, levam as crianças, que acabam sendo treinadas nesses lugares, acabam sendo doutrinadas e vivem aquilo que eles veem lá onde estão, no mato, ou nas áreas onde se concentram para fazer os seus treinos".
A diocese católica mais atingida pela violência em Cabo Delgado é a de Pemba, cujo porta-voz, pe. Kwiriwi Fonseca, relatou que é comum, nas visitas aos cidadãos deslocados de seus vilarejos, ouvir relatos das próprias mães que confirmam os sequestros de seus filhos. Segundo o padre, as crianças que caem "nas mãos dos terroristas" acabam sendo obrigadas a tornar-se soldados dos grupos terroristas. Ele acrescenta: "Também ensinam a elas a doutrina islâmica".
No caso das mulheres sequestradas, o destino costuma ser o casamento forçado com os terroristas.