O Papa pode encontrar o Patriarca de Moscou em setembro durante um "congresso dos líderes das religiões mundiais e tradicionais", divulgou o Vaticano ao confirmar a participação de Francisco no congresso inter-religioso agendado para 14 e 15 de setembro em Nursultan, a capital do Cazaquistão. Até o momento, a presença de Kirill também é esperada.
O próprio presidente do vasto país cento-asiático fez o convite ao Papa Francisco, que anunciou nesta semana a confirmação oficial da sua participação. Cazaquistão e Santa Sé, a propósito, celebraram neste último 31 de maio o seu 30º aniversário de relações diplomáticas.
Em nota oficial, o Vaticano felicita a iniciativa cazaque em prol do diálogo entre as religiões. Por sua vez, o Cazaquistão celebrou a decisão do Papa Francisco de aceitar o convite para participar do congresso.
O Papa e o Patriarca
No tocante ao encontro entre o Papa Franciso e o Patriarca Kirill, houve diversas tratativas para que pudesse acontecer antes, mas a diplomacia vaticana optou por interromper a iniciativa devido aos desdobramentos da guerra na Ucrânia. Em palavras do próprio Francisco, um encontro presencial entre ele e Kirill em Moscou poderia ser facilmente descontextualizado e, por conseguinte, "causar muita confusão".
De fato, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa tem sido reiteradamente acusado de apoiar o regime de Vladimir Putin e, portanto, de ser cúmplice do massacre perpetrado pelas tropas russas contra o povo ucraniano.
A postura de Kirill em relação à Santa Sé, historicamente, também é de fechamento. Ele se recusou a encontrar-se com São João Paulo II e com Bento XVI, mas propôs um encontro com Francisco em 2016, quando o Papa viajava para o México. Francisco fez uma escala em Cuba apenas para encontrar Kirill, que já estava de visita à ilha comunista. Foi um primeiro passo para estabelecer um diálogo. No momento, porém, o diálogo volta a ser dificultado pelo próprio patriarcado moscovita, que reforça a sua opção pelo alinhamento ideológico a Putin.
Já Francisco tem agido abertamente contra a guerra desde antes mesmo que ela eclodisse. O Papa se prontificou a intermediar as negociações de paz e chegou a ir pessoalmente à embaixada russa junto ao Vaticano. Ao mesmo tempo em que privilegia as vias diplomáticas, Francisco também tem sido enfático ao chamar a guerra de guerra e ao desmentir diretamente a narrativa de Putin, que afirma tratar-se de uma “operação militar especial”.
Por determinação do Papa, a Santa Sé enviou representantes presenciais de peso à Ucrânia, como o cardeal Krajevski. O Vaticano também está enviando doações frequentes ao país agredido, tanto em dinheiro quanto em alimentos, remédios, itens de primeira necessidade e até ambulâncias. A Igreja determinou ainda que conventos, seminários, paróquias e outras instalações físicas acolham desabrigados.