O Papa Francisco celebrou hoje, Dia de Finados, uma Santa Missa em sufrágio dos Cardeais e Bispos que faleceram durante o ano. O Papa iniciou sua homilia recordando as leituras do dia, das quais duas palavras chamaram sua atenção: espera e surpresa.
Espera
A espera, disse Francisco, “expressa o sentido da vida, porque vivemos na espera do encontro: o encontro com Deus, que é a razão da nossa oração de intercessão de hoje, especialmente pelos Cardeais e Bispos que faleceram durante o último ano, pelos quais oferecemos em sufrágio este Sacrifício Eucarístico”.
Nesse sentido, disse o Papa: "É belo quando o Senhor vem para secar nossas lágrimas! Mas não é nada bom quando esperamos que seja outra pessoa e não o Senhor a secá-las. E pior ainda, não ter lágrimas". Continuando a falar sobre o tema recordou “alimentemos nossa espera do Céu, exercitemos nosso desejo do paraíso. Faz-nos bem hoje nos perguntarmos se nossos desejos têm algo a ver com o Céu. Pois corremos o risco de aspirar constantemente à coisas que passam, de confundir desejos com necessidades, de antepor as expectativas do mundo à espera de Deus”.
Concluindo este ponto disse: “Perguntemo-nos: eu vivo o que digo no Credo, "espero a Ressurreição dos mortos e a vida do mundo que virá"? E como é a minha espera? Vou ao essencial ou me distraio com coisas supérfluas? Cultivo a esperança ou vou adiante reclamando porque dou muito valor a coisas que não contam?”.
Quando foi
Referindo-se à segunda palavra das Leituras, “surpresa” Francisco disse: “enquanto esperamos pelo amanhã, somos ajudados pelo Evangelho de hoje. Porque a surpresa é grande toda vez que ouvimos Mateus capítulo 25. É semelhante à dos protagonistas que dizem: "Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? (vv. 37-39). Quando foi? Assim se exprime a surpresa de todos, o espanto dos justos e a consternação dos injustos”.
Que surpresa!
“Quando foi?” Nós também podemos dizer, continuou o Papa: "esperamos que o julgamento sobre a vida e sobre o mundo ocorra sob a bandeira da justiça, diante de um tribunal decisivo que, avaliando todos os elementos, esclareça para sempre as situações e intenções”. E o Papa adverte mais uma vez:
“A sua medida é um amor que vai além das nossas medidas e seu método de avaliação é a gratuidade. Assim, para nos prepararmos, sabemos o que fazer: amar gratuitamente e infinitamente, sem esperar reciprocidade, os que estão na sua lista de preferências, os que não podem nos dar nada em troca, os que não nos atraem”.
Comprometimento com o Evangelho
Continuando sua homilia Francisco pondera: “Sejamos realistas, nos tornamos muito bons em fazer compromissos com o Evangelho: alimentar os famintos sim, mas a questão da fome é complexa e eu certamente não posso resolvê-la! Ajudar os pobres sim, mas depois as injustiças têm que ser tratadas de uma certa maneira e então é melhor esperar, também porque se você se comprometer, corre o risco de ser perturbado o tempo todo e talvez você perceba que poderia ter feito melhor!”. E recorda a todos que assim não funciona, “com os "mas" e "porém", fazemos da vida um compromisso com o Evangelho. De simples discípulos do Mestre nos tornamos mestres da complexidade, que discutem muito e fazem pouco, que buscam respostas mais na frente do computador do que na frente do Crucifixo”, disse o Papa.
O quando é agora
“Quando foi? Perguntam-se surpresos tanto os justos quanto os injustos”, continua o Papa. Dando uma resposta clara: “o quando é agora. Está nas nossas mãos, nas nossas obras de misericórdia: não em análises detalhadas, não em justificativas individuais ou sociais”. Dizendo em seguida:
Concluindo disse: “não podemos dizer que não sabemos. O Evangelho explica como viver a espera: vai-se ao encontro de Deus amando, porque Ele é amor. E no dia da nossa despedida, a surpresa será feliz se agora nos deixarmos surpreender pela presença de Deus, que nos espera entre os pobres e feridos do mundo. E espera ser acariciado não com palavras, mas com ações.
(Com Vatican News)