O regime ditatorial da Nicarágua condenou um padre católico por alegada "conspiração" e "fake news" que ele teria cometido contra o governo de Daniel Ortega e de sua mulher, Rosario Murillo, que ocupa o cargo de vice-presidente do país.
O sacerdote condenado é o pe. Óscar Benavidez Dávila, que era pároco na igreja do Espírito Santo em Mululukukú. Os crimes a ele atribuídos seriam os de "conspiração contra a integridade nacional" e "propagação de notícias falsas", mas, segundo a sua defesa, o que o padre fez de concreto foi emitir uma opinião crítica ao regime via redes sociais. A defesa alega que o sacerdote é vítima da narrativa ideológica segundo a qual existiria o "crime de opinião", o que, conforme os advogados ressaltaram, só acontece sob regimes ditatoriais que perseguem seus opositores pelo próprio fato de serem opositores.
A promotoria pública do regime de Ortega pede que o pe. Óscar seja condenado a 8 anos de prisão, mas o juiz do caso ainda não estabeleceu a sentença.
O sacerdote foi obrigado a ficar em isolamento total durante dois meses até à primeira audiência, em 6 de outubro passado. Ele tinha sido preso logo após celebrar a Missa, ocasião em que foi levado ao presídio de El Chipote, conhecido no país como centro de torturas.
Outro controverso processo em andamento na Nicarágua é o que tem como alvo o bispo dom Rolando Álvarez, de Matagalpa, mas há outros sacerdotes que foram detidos junto com ele e até hoje permanecem inconstitucionalmente presos em El Chipote.