O Papa Francisco falou sobre a situação na Nicarágua, onde a Igreja enfrenta problemas com o regime de Daniel Ortega.
Depois do Ângelus do meio-dia deste 12 de fevereiro, ele disse:
"Não posso deixar de lembrar com preocupação o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, de quem gosto muito, condenado a 26 anos de prisão, e também as pessoas que foram deportadas para os Estados Unidos. Rezo por eles e por todos aqueles que sofrem naquela querida nação".
Francisco prosseguiu:
"E peço as orações de vocês. Peçamos também ao Senhor, pela intercessão da Imaculada Virgem Maria, que abra os corações dos responsáveis políticos e de todos os cidadãos à busca sincera da paz, que nasce da verdade, da justiça, da liberdade e do amor, e que é alcançada através do paciente exercício do diálogo. Rezemos juntos a Nossa Senhora. Ave, Maria".
Bispo condenado a 26 anos de prisão
Na quinta-feira passada, 9, a ditadura da Nicarágua deportou 222 presos políticos, incluindo padres e seminaristas. Segundo o Tribunal de Apelações de Manágua, a deportação teria o objetivo de “proteger a paz, a segurança nacional, a ordem pública, a saúde, a moral pública, os direitos e liberdades de terceiros”. Os deportados foram levados para Washington, capital dos Estados Unidos, após negociações desse país com o regime ditatorial de Daniel Ortega.
Inicialmente, especulou-se que dom Rolando Álvarez estivesse entre os deportados, embora o seu nome não aparecesse na lista oficial. Ele teria sido retirado de casa por volta das 3h da manhã da quinta-feira, pelo horário local. Outras fontes, no entanto, diziam que o bispo teria sido transferido para um presídio até o seu próximo julgamento, marcado para este 15 de fevereiro.
O bispo de Matagalpa havia sido detido pelo regime da Nicarágua em agosto de 2022 e, desde então, vinha sendo mantido em prisão domiciliar.
Condenação arbitrária
Na sexta-feira, 10, o mistério do que teria acontecido com o prelado foi esclarecido pelo próprio Daniel Ortega. O ditador confirmou que dom Rolando também deveria estar entre os deportados, mas se recusou a deixar o país e, portanto, foi transferido para um presídio.
De modo sumário, sem julgamento, sem defesa, sem justiça, Daniel Ortega determinou a condeção de dom Rolando Álvarez a assombrosos 26 anos de prisão. Submisso ao ditador, o juiz Octavio Rothschuh Andino, presidente da primeira turma do Tribunal de Apelações de Manágua, leu a sentença na mesma sexta-feira, 10, atropelando o julgamento marcado para o dia 15 e escancarando, caso restassem dúvidas, de que jamais se respeitou o devido processo legal no tocante ao bispo de Matagalpa.