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Nicarágua: católicos proibidos de mencionar ou rezar pelo bispo preso, dom Rolando

Bispo Dom Rolando Álvarez, da Nicarágua, foi preso em cela chamada "inferninho"

Dom Rolando Álvarez, meses antes da sua prisão arbitrária pelo regime ditatorial de Daniel Ortega na Nicarágua

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Cécile Séveirac - publicado em 08/03/23
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Vários sacerdotes têm sido alvo de intimidações após mencionarem dom Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, preso por "conspiração" e "fake news" segundo o regime de Daniel Ortega

A perseguição à Igreja Católica se intensifica mais ainda na Nicarágua. Enquanto o bispo dom Rolando Álvarez segue preso depois de se negar a ser deportado para Washington no começo de fevereiro, os padres e fiéis católicos estão agora proibidos até mesmo de mencionar o nome dele, inclusive durante missas e orações em comum.

Logo após o encarceramento do bispo, três sacerdotes foram presos por terem falado sobre dom Rolando durante suas homilias, de acordo com informações do portal Despacho 505. Os atos de intimidação continuam: segundo a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o regime continua ordenando prisões arbitrárias. Um comunicado da fundação registra que "pelo menos dois sacerdotes foram presos em Madriz e Nueva Segovia por terem mencionado ou orado pelo bispo durante suas celebrações de domingo". Uma vez presos, os padres são ameaçados antes de serem soltos, recebendo a ordem de não voltarem a falar de dom Rolando.

O bispo foi preso em agosto de 2022 e depois condenado por alegada "conspiração" e "divulgação de notícias falsas" contra o governo. O regime considera o prelado de 55 anos como uma das principais figuras da Igreja Católica a serem silenciadas, já que dom Rolando foi um dos mais enfáticos críticos dos atos ditatoriais de Daniel Ortega.

O regime Ortega avança contra os católicos

Recentemente, as procissões e a Via Sacra ao ar livre foram proibidas em todo o país, sem exceção sequer para a Sexta-Feira Santa. Abundam as vexações direcionadas contra o clero, desde o monitoramento do que se diz nas igrejas até a expulsão de religiosos ou de comunidades inteiras, como foi o caso das Missionárias da Caridade. Nem o núncio apostólico foi poupado: dom Waldemar Stanislaw Sommeretag foi expulso do país ainda em março de 2022. Várias emissoras católicas de rádio foram fechadas ao longo dos últimos meses.

Em 21 de fevereiro passado, Daniel Ortega voltou a proferir ataques virulentos contra a Santa Sé, acusando o clero de compor uma "máfia". O ditador da Nicarágua também havia dito, poucas semanas antes, que a Igreja Católica é uma… ditadura.