Para muitos de nós, o Tempo Comum pode parecer literalmente “comum” e sem nada de particularmente especial. Afinal, desfrutamos intensamente das belas épocas da Páscoa e do Natal, e, talvez, diante delas, o Tempo Comum não desperte os mesmos sentimentos. Por consequência, o Tempo Comum acaba sendo frequentemente negligenciado.
No entanto, esta época do ano litúrgico tem um grande potencial e pode proporcionar-nos uma visão profunda da nossa própria vida.
Um tópico para meditação durante esta época é focar nos “anos desconhecidos” da vida de Jesus. Os relatos dos Evangelhos se concentram quase exclusivamente nos últimos três anos do Seu ministério e quase não nos dão detalhes dos seus primeiros trinta anos.
Acontece que esses anos ocultos guardam conexão com a nossa própria vida “comum”. Durante a maior parte da sua vida, Jesus partilhou a condição da grande maioria dos seres humanos: uma vida quotidiana sem grandiosidade aparente; uma vida de trabalho braçal (cf. Catecismo da Igreja Católica, 531). A vida oculta em Nazaré permite que todos nós entremos em comunhão com Jesus pelos acontecimentos mais comuns da vida diária (cf. Catecismo, 533).
Jesus, portanto, santificou a vida “comum”, mostrando-nos que o Reino de Deus é acessível a todos, independentemente das circunstâncias de cada um. O ponto-chave é percebermos que a nossa vida pode ser santificada quando convidamos Deus a entrar nela. Mesmo as tarefas mais singelas podem ser transformadas numa bela oferta para Deus.
Santa Teresinha de Lisieux era perita neste “pequeno caminho” de santidade. Ela escreveu, na sua "História de uma Alma":
"Acima de tudo, esforcei-me para praticar pequenos atos ocultos de virtude; alegrei-me, portanto, em dobrar os mantos esquecidos pelas irmãs e procurei em todas as ocasiões possíveis ajudá-las".
Uma tarefa comum pode transformar-se em oportunidade de amor extraordinário.
Se você está procurando algo para meditar durante o Tempo Comum, pondere sobre os anos ocultos de Jesus, sobre como Ele santifica o cotidiano e sobre como você mesmo pode transformar cada aspecto da sua vida num sacrifício a Deus.