O que nos dá mais alegria? No passado, sempre me enganei pensando que alcançaria a alegria perfeita se fizesse uma determinada compra, alcançasse o nível desejado de reconhecimento ou me entregasse a pequenos prazeres como comer demais e assistir muita televisão. Esses pequenos momentos movidos a endorfina duram pouco. Eles se esgotam rapidamente e logo nos deixam insatisfeitos. Sempre queremos mais - e o querer é o que suga nossa alegria.
Não muito tempo atrás eu estava lendo os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e descobri muitos dos seus pensamentos sobre a alegria que são facilmente aplicáveis no dia a dia.
Primeiramente, Santo Inácio aconselha cultivar a alegria para colher alegria. Em outras palavras: mantenha uma intenção alegre quando pedir a Deus que lhe dê mais alegria. Não adianta implorar a Deus por alegria, ou culpá-lo porque não estou sentindo isso, se passo o dia todo entregando-me à tristeza, à autopiedade ou ao ciúme. A alegria não chega do nada. Não pode depender de circunstâncias externas a nós mesmos, mas deve começar dentro de nós.
Em segundo lugar, Inácio indica que devemos estar atentos à totalidade de nossas vidas: o bom, o mau, o passado e o futuro.
Inácio tem uma visão de longo prazo. Quando olharmos para trás em nossas vidas, vamos nos arrepender de nossas palavras e ações? Se assim for, essas mesmas palavras e ações também não nos trarão alegria aqui e agora.
Tendemos a buscar alegria nos lugares errados. Somos condicionados pela propaganda e pela inveja a desejar certas posses e experiências, mas elas nos deixam com uma sensação de vazio. Em minha vida, por exemplo, encontro a alegria quando dedico tempo e esforço para estar com minha família e passar um tempo com meus filhos. Preste atenção em quando você realmente sente uma alegria duradoura. Você pode se surpreender.
Por fim, Inácio tem este conselho sensato: aproveite a vida e não se sinta culpado por ela. Ele escreve: “Use luz ou conforto temporal - como, no verão, o frescor; e no inverno, o sol ou o calor – tanto quanto a alma pensa ou conjectura que pode ajudá-la a se alegrar em seu Criador e Redentor”.
Não há nada de errado em sentir prazer e gratidão por nossas bênçãos. Nem sempre acreditamos que merecemos a alegria, então a rejeitamos quando ela aparece em nosso caminho. Inácio, porém, é claro: Deus não nos quer tristes e miseráveis. Ele fez o mundo para nosso prazer, portanto, enquanto nossos desejos forem saudáveis e moderados, devemos nos alegrar muito com o que Deus providenciou para nós.
Santo Inácio ensina que Deus nos dá alegria em toda e qualquer circunstância. Esta é a verdadeira alegria: a capacidade de ser feliz não importa o que aconteça, seja na escuridão do inverno ou relaxando na praia ao sol.