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A psicologia de uma vocação

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Vanderlei de Lima - publicado em 06/08/23
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O presbítero, enquanto participante do único sacerdócio de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1545), não pode se esquecer do seu lado humano. Entenda:

A Editora Quadrante publicou a oportuna obra de título acima. Tem por subtítulo “Os desafios do sacerdócio, do celibato... e de todos os que ouviram o chamado de Deus”.

O autor é Wenceslao Vial. Professor de Psicologia e vida espiritual na faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, médico, sacerdote e doutor em Filosofia, busca aliar seus conhecimentos clínicos e seu trabalho acadêmico a uma ampla atividade pastoral a alcançar vários países e culturas. Logo de início, como todo escritor didático, ele já apresenta o escopo do livro: “O sacerdote como qualquer ser humano, deve buscar e encontrar o sentido da sua vida. E esse sentido não se adquire com o sacramento da Ordem. Ele o encontrará com esforço se Cristo é o centro de tudo quanto faz, se escuta a sua palavra e se empenha em praticá-la. Assim, pouco a pouco, dia a dia, realizará o seu projeto: chegar a ser quem Deus queria que ele fosse” (p. 10). 

Eis a sabedoria de Wenceslao Vial a reconhecer, não obstante a herança do pecado original no ser humano, a realização plena do sacerdote que sabe distinguir e aliar, na sua vida, a graça de estado (decorrente do sacramento da Ordem) e o esforço humano (a busca de sentido para a vida à luz de Cristo). O divino e o humano aí se encontram e, de modo assaz harmonioso, se unem para o bem daquele que se abre ao nobre convite do Senhor Jesus: Vem e segue-me (cf. Mt 4,19). Eis a síntese da obra nas palavras do próprio autor: “Quatro binômios servem para ilustrar os temas a partir da perspectiva psicológica. A maturidade como harmonia, a identidade e a missão própria, a integridade do sacerdote e suas necessidades básicas e, finalmente, as atitudes adequadas para a sua saúde global. Esses conceitos aparecerão ao longo dos próximos seis capítulos” (idem).

Ao percorrer as páginas do conteúdo proposto, o leitor atento é levado a pensar em outras obras de grande valor para um padre desejoso de compreender, para melhor viver no amor-doação, a grandeza da sua vocação. Vêm à mente, por exemplo, Contemplação e sacerdócio, de Dom Jean-Paul Galichet (Molokai), Aqueles sacerdotes misteriosos, de Fulton Sheen (Lignum vitae), Jesus Cristo ideal do sacerdote, de Columba Marmion (Cultor de Livros/Lumen Christi) etc. Estes escritos, cada um a seu modo, ajudam o padre no feliz cumprimento da sua vocação.

O presbítero, enquanto participante do único sacerdócio de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1545), não pode se esquecer do seu lado humano. Convém, por isso, “fomentar um estilo de vida saudável, que pode resumir-se nos seguintes pontos: alimentação equilibrada, moderação que evite os vícios (tabagismo, álcool, etc.), cuidado do sono, esporte, mudar de atividades e evitar acidentes agindo com prudência de acordo com a idade. Manter o peso corporal dentro dos limites aconselhados proporcionará uma melhor saúde física e bem-estar psíquico. Para consegui-lo, além do autodomínio ao comer, costuma ser necessária alguma atividade física regular, abandonando a vida excessivamente sedentária” (p. 89). 

Continua o médico e sacerdote: “O cuidado do sono é um dos aspectos mais relevantes da estabilidade psíquica, do ponto de vista fisiológico. Recomenda-se dormir entre sete e oito horas todas as noites, embora essa necessidade varie de pessoa para pessoa. Durante o sono, o cérebro descansa, fixam-se, de algum modo as ideias e se prepara o terreno para um melhor funcionamento dos processos psicológicos conscientes. Não dormir bem costuma ser mais um sintoma do que uma doença. Entre as causas se incluem a ansiedade, a obsessão ou um estado de humor baixo, dificuldades respiratórias, sobrepeso, problemas digestivos, etc.” (p. 89-90).

Louvamos ainda o autor pelo modo como ele aborda a maturidade psicológica (p. 15-72), a castidade (cf. p. 99-131) e o burnout (p. 133-160). Fazemos votos para que a obra em análise – sumamente importante – alcance amplíssima repercussão.

Mais informações aqui.