O ano era 1932. O Brasil passava pela Revolução Constitucionalista, um movimento armado liderado pelo estado de São Paulo contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas e a favor de uma nova Constituição para o país.
Foram quase quatro meses de guerra, com bombardeios, mortes, esvaziamento de cidades e destruição de edifícios, inclusive igrejas.
Os conflitos aconteciam principalmente nas divisas de São Paulo com outros estados, sobretudo, Minas Gerais. Os exércitos avançavam em direção à capital paulista, mas quando chegaram à cidade de São Miguel Arcanjo algo extraordinário aconteceu.
No município, as tropas montaram uma trincheira e, de acordo com os moradores mais antigos, pediram para os habitantes deixarem a cidade, pois ali iria acontecer uma batalha.
Uma das histórias que circulam na cidade dá conta de que os combatentes tomaram a casa paroquial, transformando-a em quartel general. Os homens pediram para que o pároco deixasse o local, mas ele não atendeu ao pedido; alegou que se aproximava a festa de São Miguel (29 de setembro) e ele tinha que rezar com a comunidade.
A aparição
E foi justamente no dia de São Miguel Arcanjo daquele ano de 1932 que, segundo os moradores, o "Príncipe da Milícia Celeste" apareceu aos beligerantes. "Com a trincheira de combate armada e os exércitos prontos para guerrear, eis que surgiu um clarão no céu e um homem avisa sobre o final da Guerra", esclarece o site da Basílica de São Miguel Arcanjo.
Os detalhes da aparição foram relatados no livro "São Miguel Arcanjo, o Santo Guerreiro da Revolução de 1932", de autoria do Pe. Márcio Almeida, reitor da Basílica Santuário de São Miguel Arcanjo, na cidade de mesmo nome.
De acordo com o sacerdote, existe um documento do Exército que comprova que, no dia 29 de setembro de 1932, aconteceu um armistício. "Dois exércitos estavam entrincheirados na cidade de São Miguel Arcanjo. E o armistício foi dado no dia 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo. Esses dois fatos levantaram a minha antena. Eu disse: 'Espera aí, existe verdade aqui'... É preciso levar em consideração que na cidade de São Miguel Arcanjo e no dia de São Miguel Arcanjo parou a guerra", revela o padre, que passou a pesquisar mais sobre a possível aparição.
As pesquisas apontaram também outro fato que indica a veracidade da aparição. Antigos moradores contam que, depois do armistício, o capitão do Exército entrou na igreja da cidade para agradecer pelo fim da guerra e, ao se deparar com a imagem de São Miguel Arcanjo, bradou: "foi este homem quem avisou o fim da guerra".
Oficialmente, a guerra terminou no dia 2 de outubro de 1932.
"Nossa intenção não é fazer um processo canônico, ter um reconhecimento do Vaticano. A intenção é fazer as pessoas entenderem que houve, sim, uma manifestação importante de São Miguel Arcanjo muito próxima a nós", esclarece o Pe. Márcio.
Uma imagem do tamanho da devoção do seu povo
A devoção a São Miguel é muito forte na cidade desde a sua fundação. Agora, está sendo construída no município uma estátua de 57 metros de altura em honra a São Miguel Arcanjo. Será a maior imagem sacra do mundo!
O monumento fará parte do complexo turístico denominado “Gruta do Arcanjo“. Inspirado no Monte Gargano, onde São Miguel apareceu várias vezes, o projeto brasileiro ainda inclui: presbitério para missa campal capaz de receber 12 mil pessoas, confessionários, gruta mariana, sala de velas, sala de milagres, museu de arte sacra, pavilhão devocional e auditório, além de estruturas de apoio como praça de alimentação e estacionamento. A previsão de inauguração é para daqui a três anos.