Os avós ocupam de forma concreta um lugar importante na vida de seus netos. Mas qual deve ser exatamente o seu papel? Será que eles devem encher as crianças de conselhos ou se contentar em velar por elas, estar atentos às suas necessidades sem nada dizer?
Que sorte têm as crianças que podem ver regularmente os seus avós. Muitos avós não têm essa alegria, seja por estarem muito longe, seja por decisão dos pais, que não perceberam o imenso sofrimento que é para os avós o fato de serem privados da visita dos seus netos. Os avós, por sua vez, percebem os problemas que podem acontecer no relacionamento dos pais, assim como os sofrimentos escondidos ou expressos através de um ou outro neto.
Como então não pensar que a educação deles deixa a desejar e que, visivelmente, valores essenciais não estão sendo transmitidos? Sobretudo, como não se perguntar o que fazer para preencher aquilo que seria considerado uma lacuna educativa? A resposta a estas questões depende da relação entre os pais e os avós.
Cuidado com pequenos comentários que matam os relacionamentos!
Se a relação entre os avós e os pais é excelente e de maneira implícita os pais esperam a participação dos avós, é com certeza possível dar a sua opinião sobre a educação das crianças, com a condição de, é claro, fazer isso sem julgar e dependendo da necessidade, com um toque de humor. Esses conselhos não aparecerão como uma intromissão se desde o início da vida do casal, os futuros avós mostraram claramente que eles não têm intenção de interferir nas escolhas de seus filhos. Neste caso, acontece que as crianças, se sentindo respeitadas, vem espontaneamente pedir conselhos aos seus avós.
Contudo, se o relacionamento for difícil ou até mesmo ruim, qualquer conselho pode ser indesejável e, portanto, totalmente ineficaz. Só será possível dar conselhos diante de um pedido explícito das crianças ou em casos excepcionais (perigo físico ou moral para os netos). De qualquer forma, você obviamente precisa banir todos os pequenos comentários que fazem mal ao relacionamento, por exemplo: “Seus filhos são tão mal educados!”; “Vocês deixam os seus filhos fazerem tudo e ainda ficam surpresos que eles não o obedecem?”, dentre outras.
Valorize os pontos positivos
Não devemos deixar de sublinhar o que é positivo na educação que os pais estão dando aos seus filhos, porque na grande maioria dos casos, mesmo que eles cometam erros (afinal, quem nunca comete?), eles transmitem valores que geralmente são os mesmos que foram ensinados a eles. Essa atitude de respeito é especialmente necessária no nível da fé. Se os netos não são batizados, ou não são criados dentro dos valores cristãos que deram sentido à sua vida, é preciso respeitar a opção das crianças, mas, contudo, conversar com elas sobre o assunto.
É preciso ter paciência e não “passar por cima” da graça de Deus. Não se pode esquecer que a vida dos avós, na medida em que é vivida em alegria, é para os netos um exemplo infinitamente mais impressionante do que qualquer discurso elaborado. Assim, é preciso orar e ter esperança, aceitando o inesperado de Deus.
Dê o exemplo de uma vida feliz e justa
Os avós têm um papel importante na vida dos netos. Devem, portanto, tomar cuidado para não criticar o comportamento dos pais pois, dizer coisas ruins sobre os pais para um filho equivale a dizer coisas ruins sobre suas raízes e, portanto, sobre uma parte dele mesmo. No entanto, eles podem explicar as atitudes dos pais – especialmente quando são escolhidos como confidentes pelos netos adolescentes, felizes em encontrar um ouvido atento e compreensivo. Quando os netos chegam aos avós, estes têm o direito de pedir que sejam aceitos como são (sem que, no entanto, sejam contraditórios com a educação dada pelos seus pais).
Os avós não são retificadores da educação oferecida pelos pais, mas simplesmente, dando o exemplo de uma vida cristã feliz e justa, são os melhores para ajudar os pais a ter sucesso nessa educação que exige tanta habilidade, cuidado e amor em meio a um mundo tão pobre de valores.
Denis Sonet