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Como uma pessoa solteira deve lidar com a pressão social?

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Edifa - publicado em 08/02/21
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Depois dos 30 anos, quando os amigos se casam e começam a ter filhos, a pressão social e familiar, muitas vezes intrusiva, pode começar a ser exercida sobre os solteiros. Como lidar com isso?“Feliz Aniversário! 25 anos, você alcançou Santa Catarina!”. Pauline lembra perfeitamente desta frase dita por sua mãe há dois anos. A tradição da Santa Catarina na França remonta à Idade Média, quando todas as solteiras desfilavam na rua vestidas com adereços para serem notadas por um futuro marido em potencial. Por trás desse comentário, Pauline percebeu que não havia abraçado o desejo silencioso de sua mãe. A sua carreira como assistente de creche estava indo bem, sua agenda estava cheia de encontros, finais de semana com amigos, enfim… sua vida social estava indo muito bem!

Lidando com as pressões do dia a dia

Hoje, Pauline reconhece que o seu vigésimo quinto aniversário marcou o primeiro dia de uma “pequena pressão maternal”. A jovem de 27 anos, abençoada com muitas boas qualidades, ainda leva uma vida social badalada. “Eu não sou do tipo de pessoa que quer um marido a todo custo. Mas o casamento da minha irmã despertou em mim um pouco de solidão”. Os tempos estão mudando, os estudos estão cada vez mais longos e os jovens crescem! A pressão por ainda estarem solteiros é exercida um pouco mais tarde para as jovens de hoje, “por volta dos 28-29 anos, quando os casamentos das pessoas conhecidas começam a se multiplicar”, analisa Charlotte de 29 anos, médica em Paris. “Estou chegando aos 30 e vendo as minhas amigas se casando uma após a outra, tendo filhos. Tenho medo de ser a última do meu grupo de amigos ou de ficar para trás. O status de solteira passou a pesar, principalmente para as meninas”. Clara Maria, de 29 anos, confirma: “Ver meus trinta anos se aproximando me faz pensar sobre o meu relógio biológico. Eu gostaria de ter vários filhos, mas não aos 40…”.

Filipina, de 30 anos, tem uma história pessoal um pouco mais pesada: “Meus pais se divorciaram quando eu tinha 8 anos. Como sou católica, gostaria de encontrar alguém que compartilhe dos meus valores, mas preciso sentir que é a pessoa certa, porque não quero reproduzir o que meus pais viveram”. Divididos entre um desejo profundo de se envolver e o medo de escolher errado, os solteiros se sentem estagnados. E, com o passar do tempo, sofrem a pressão daqueles que estão ao seu redor. Embora os homens vivenciem melhor o status de solteiro, eles não são poupados da pressão. Felipe, de 31, consultor em gestão de fortunas, confirma: “Meu trabalho é fascinante, tenho muitos amigos, enfim, não me sinto entediado. Mas essa não é a opinião da minha avó, que sempre me pergunta quando vou trazer uma netinha para ela! A pressão se torna algo cansativo”. Corentin, um carpinteiro de 31 anos, se pergunta: “Eu gostaria de me casar e constituir família, mas receio não ser capaz de garantir uma situação financeira estável para eles”.

O Irmão Gaetan Bonnasse, capelão da Juventude de Saint-Jean, acompanha os jovens solteiros neste período crucial dos trinta anos, “a idade das primeiras esperanças frustradas, das primeiras desilusões”. Depois de sete anos trabalhando com esse público, sua observação é clara. “Todos eles carregam um sofrimento real, seja enterrado ou assumido. Eles se sentem inúteis, como se ainda não tivessem encontrado o seu lugar”.

O celibato não exclui o dom de si

Paradoxalmente, a sociedade moderna, ao fazer do status de solteiro algo a ser aclamado, não conseguiu erradicar o sofrimento. Aos olhos do mundo, estar solteiro aos 30 representa gozar de uma juventude e liberdade eternas, como se estes fossem abençoados com uma sorte incrível. No entanto, o sofrimento está ali presente, o que mostra “que homens e mulheres não foram feitos para viver sozinhos. A sua vocação não é permanecer como solteiros a vida toda. A aspiração de partilhar a vida, o desejo de se doar a outros está intimamente ligado à nossa natureza”, confirma o irmão Gaetan.

Este tempo se torna doloroso a partir do momento em que não é mais uma escolha. No entanto, o Irmão, que acompanha regularmente os solteiros, mostra-se entusiasmado: “São ótimas pessoas para se acompanhar: eles estão sempre cheios de expectativas, de dúvidas e não hesitam em se engajar em vários serviços”. Ele busca ainda os tranquilizar: “Os solteiros não são inúteis, pelo contrário, eles dão muitos frutos. É uma fecundidade que ainda não é partilhada, mas uma fecundidade em santidade!”. Ele especifica que “a santidade, no dom de si, é a nossa busca mais alta. O casamento e a vocação sacerdotal são apenas os meios pelos quais isso se realiza”. E o celibato não exclui o dom de si, como confirma Clara Maria: “Vejo que o meu celibato me torna muito acessível aos meus sobrinhos e sobrinhas e, graças a isso, desenvolvi com eles uma relação de confiança que eles não têm não com outros adultos”.

Assumir que você está solteiro não significa resignar-se ou se preocupar excessivamente

Claire Lesegretain, jornalista e autora de inúmeros trabalhos sobre este assunto, nos dá dois conselhos principais: “Por um lado, é fundamental lutar contra a “obsessão” pelo casamento, não se deixar dominar por uma busca frenética pela pessoa certa, porque isso pode destruir os relacionamentos. Por outro lado, devemos continuar a desenvolver amizades verdadeiras, sem segundas intenções, porque é através do amor de amigo que treinamos para amar a dois”. Mas quanto mais casamentos vemos acontecendo, mais morre a nossa autoconfiança…

Marie-Liesse Malbrancke lançou o Sesame, uma jornada para mulheres jovens que traz ao celibato a sua nobreza, “uma ‘não escolha’ que pode se tornar verdadeiramente fecunda, se damos vida a ela. O tempo de solteiro e a felicidade não andam separados”. Um de seus workshops é sobre amor-próprio. Ela busca incentivar todas as meninas a identificarem seus próprios talentos, cultivarem sua feminilidade. E lhes oferece um exercício: o de escrever uma carta a si mesma, porque “como podemos amar outra pessoa, quando ainda não nos amamos naquilo que somos?”. Participar de corais, dos encontros de catequistas, grupos de jovens, todos esses são bons espaços para encontrar alguém que possa nos interessar. 

O Irmão Gaetan criou uma fraternidade de jovens homens de 25 a 40 anos, “porque é importante que a Igreja os acompanhe nesta expectativa”. Ele incentiva os solteiros que têm medo de fazer uma escolha errada a reduzir suas expectativas. “O nosso marido ou esposa será aquele que escolheremos e decidiremos amar”. E incentiva ao compromisso: “Não tenha medo de sair da sua zona de conforto para acolher novos relacionamentos. Seja ousado, vá em frente!”.


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